Manual operacional para comitês de ética em pesquisa
Ano de publicação: 2007
Nos últimos anos, mudou significativamente o perfil das pesquisas relacionadas com o campo biomédico no Brasil. Investigações com células-tronco, engenharia genética, novas tecnologias reprodutivas e outros temas relacionados ao
acelerado desenvolvimento científico e tecnológico passaram a fazer parte do cotidiano das instituições públicas e privadas que trabalham com o assunto. Inicialmente restritas aos círculos científicos, tais investigações estão hoje agendadas
pela mídia e são debatidas por toda sociedade, o que era impensável há alguns
anos. As discussões alcançam o Governo, o Legislativo, o Judiciário e a própria
população, que, em última análise, é quem recebe os impactos (e os benefícios...)
de todo esse vertiginoso processo.
Exemplo disso foi a recente polêmica relacionada com a Lei de Biossegurança, que autorizou as pesquisas com células-tronco embrionárias no País. Diferentes setores da sociedade vieram a público manifestar-se favoravelmente ou contra
a proposta, com variados argumentos técnico-científicos, éticos, religiosos, etc.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) assumiu, há quase duas décadas, a
responsabilidade de debater os aspectos éticos relacionados com as pesquisas
que envolvem seres humanos. Ao acompanhar essa delicada evolução e ao regulamentar os projetos em desenvolvimento, o CNS tem por objetivo, além de evitar
abusos e proteger os sujeitos das pesquisas, contribuir para o desenvolvimento
seguro de investigações que possam realmente beneficiar a sociedade brasileira.
Desde 1996, o País conta com a Resolução n.º 196/96 do CNS que regulamenta o funcionamento do setor. Por essa Resolução, toda pesquisa em andamento no País e que envolve seres humanos deve necessariamente ser submetida à apreciação de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs), especialmente
credenciados, sob a coordenação superior da Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa (Conep). Esta, além de controlar o sistema nacional avaliador das investigações, analisa casos especiais e tem a responsabilidade crítica de estar
constantemente atualizada com relação aos protocolos e às agendas internacionais nesse campo.
Dessa forma, o CNS, com o apoio de toda uma complexa estrutura de suporte
composta pela Conep e pelos Comitês locais, cumpre sua meta prioritária de assegurar que toda pesquisa com seres humanos no Brasil seja desenvolvida de forma
ética e segura, protegendo a integridade e os direitos de cidadãos dos voluntários.