Recomendação nº 056, de 06 de dezembro de 2019: recomenda ao Ministério da Saúde, articulado com Estados e Municípios atingidos que sejam intensificadas as ações de vigilância em saúde nas regiões afetadas a partir da delimitação e enfrentamento dos riscos socioambientais e sanitários, com a participação das populações expostas
Ano de publicação: 2019
Recomenda ao Ministério da Saúde, articulado com Estados e Municípios atingidos:
1. Que sejam intensificadas as ações de vigilância em saúde nas regiões afetadas
a partir da delimitação e enfrentamento dos riscos socioambientais e sanitários, com a
participação das populações expostas;
2. Que sejam implementadas as ações de vigilância, atenção e promoção de
saúde do trabalhador e trabalhadora, bem como que a organização do plano de resposta,
reabilitação e recuperação inclua diretamente os trabalhadores atingidos, especialmente
aqueles oriundos de comunidades quilombolas e extrativistas;
3. Que seja estabelecido o cadastramento das populações expostas nas
localidades afetadas, incluindo os trabalhadores e voluntários envolvidos na limpeza das
praias, estabelecendo uma linha de base para que seja dado acompanhamento a médio e
longo prazo dos impactos na saúde, incluindo os efeitos sobre a saúde mental;
4. Que a Vigilância Sanitária implemente as ações necessárias para o
monitoramento regular e estimativa de riscos decorrentes da ingestão e consumo de
pescados e frutos do mar nas regiões atingidas direta e indiretamente pelo petróleo cru;
5. Que seja estabelecido protocolo de atendimento para populações expostas
com notificação obrigatória via Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan) para os casos suspeitos e/ou confirmados de contaminação por petróleo cru;
6. Que seja implementado um processo de qualificação da Atenção Básica e
Estratégia Saúde da Família para identificação de sinais e sintomas de contaminação por
petróleo cru, em articulação com a Vigilância em Saúde para o monitoramento,
diagnósticos e cuidados em saúde;
7. Que sejam garantidas as condições para que os serviços de saúde deem as
respostas adequadas aos problemas de saúde decorrentes da exposição à que a população
está sujeita, incluídos os relacionados a saúde mental e atenção psicossocial para as
comunidades diretamente afetadas, com provisionamento de recursos humanos e
materiais, além de treinamento protocolar para todas as esferas de atenção implicadas no
cuidado das populações expostas;
8. Que sejam fomentadas pesquisas científicas, desenhadas com a participação
efetiva das populações quilombolas e extrativistas, sobre os impactos da exposição ao
petróleo na saúde e no meio ambiente, a médio e a longo prazos;
9. Que sejam estabelecidos mecanismos de governança e gestão compartilhada
entre governos municipais, estaduais e federal, instituições de Ciência e Tecnologia e
populações expostas, para acompanhar os diagnósticos e estudos sobre os impactos do
derramamento de petróleo cru sobre a saúde das populações e ecossistemas em curto,
médio e longo prazos; e
10. Que seja criado um programa emergencial de apoio às ações do SUS nos
estados e municípios atingidos, especialmente a partir de processos formativos para
vigilância sanitária, epidemiológica, em saúde ambiental e saúde do trabalhador e da
trabalhadora, em articulação com a Atenção Básica e Rede de Laboratórios.