Manejo integrado de vetores
Integrated vector management
Consensus (Brasília); 31 (), 2019
Ano de publicação: 2019
Em um cenário global, fatores sociais, demográficos e
ambientais levaram ao aumento de muitas doenças transmitidas por vetores nos últimos anos, com registro de grandes
surtos de dengue, malária, chikungunya, febre amarela e zika
vírus desde 2014. As principais doenças respondem por cerca
de 17% da carga global de doenças infecciosas, tirando mais
de 700 mil vidas a cada ano, afetando principalmente as populações pobres.
Mais de 80% da população mundial vive em áreas com
risco de transmissão de ao menos uma das principais doenças
transmitidas por vetores e, para mais da metade da população
mundial, o risco é de ter duas ou mais doenças. A probabilidade de infecção para certos patógenos virais é particularmente
alta em cidades onde os mosquitos Aedes proliferam, tanto
pelos habitats favoráveis quanto pelo contato próximo com
seres humanos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a maioria das
doenças transmitidas por vetores é evitável, se seu controle
for bem implementado. Seu impacto porém, ainda é limitado, por problemas relacionados à sua execução, resultantes de
limitação nos investimentos, deficiências na organização da
área de entomologia em saúde pública, da coordenação intra
e intersetorial e dos sistemas de monitoramento. Além disso
ainda é limitado o número de ferramentas para intervenção
com evidências suficientes para sua incorporação.
A dinâmica e o risco de transmissão de doenças por vetores estão mudando rapidamente devido à urbanização não
planejada, maior movimentação de pessoas e bens, mudanças
ambientais e desafios biológicos, como vetores emergentes
resistentes a inseticidas e cepas de patógenos em evolução.
Os sistemas de saúde devem estar preparados para detectar
e responder de forma rápida e eficaz a essas mudanças. Tal
resposta requer não apenas a disponibilidade de intervenções
efetivas de controle baseadas em evidências, mas também
uma equipe bem treinada que possa construir
sistemas sustentáveis para oferta e monitoramento de controle de vetores flexíveis. Esses
sistemas devem suportar abordagens adaptadas aos contextos locais, assim como novas
ferramentas e novos métodos. Para atingir esses objetivos, é urgente reformar as estruturas
programáticas de controle de vetores.