A integração da espiritualidade de forma sistemática e profunda na prática clí-nica tem sido recomendada como forma de transmitir aos pacientes a certeza de sua posição no centro dos cuidados. A maioria dos pacientes tem alguma forma de religiosidade/espiritualidade que influencia tanto os processos envolvidos na manutenção da saúde e no adoecimento, quanto nas formas de enfrentamento das adversidades. Muitos pacientes e seus familiares têm demandas na esfera da espiritualidade, principalmente em doenças graves, crônicas ou próximas do fim. Há um conjunto de evidências que indicam que diversas expressões da espirituali-dade têm impacto significativo na saúde e no bem-estar, que se associa a menores níveis de mortalidade geral, depressão, suicídio e uso de substâncias e a aumento da qualidade de vida. Além de grande lacuna na formação médica para realizar a anamnese espiritual adequada, muitos profissionais têm incertezas sobre a recep-tividade dos pacientes, a percepção de invasão de privacidade ou a imposição de religião, dificuldades na linguagem da espiritualidade, divergências de crença ou mesmo falta de tempo. Para que essa abordagem não seja conflitante há que haver preparo e aceitação tanto por parte dos profissionais de saúde, quanto dos pacientes e cada momento de interação deve ser transformado em oportunidade para uma avaliação natural e sensível da espiritualidade. Neste artigo, os autores apresentam diversos conceitos sobre espiritualidade e propostas para o rastreamento e anamnese baseadas em questionários e escalas disponíveis tanto para prática clínica como para pesquisa.