Risco cirúrgico cardiovascular como definidor de condutas em cirurgias vasculares arteriais em idosos
Cardiovascular surgical risk as a definition of conduct in arterial vascular surgeries in the elderly

Rev. Soc. Cardiol. Estado de Säo Paulo; 31 (supl. 2B), 2021
Ano de publicação: 2021

INTRODUÇÃO:

Mudança no perfil populacional tem levado pacientes mais idosos e com mais comorbidades a intervenções vasculares arteriais, responsáveis por mais complicações cardiovasculares no perioperatório, como acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio e óbito. A avaliação pré-operatória visa minimizar tais complicações.

OBJETIVO:

Correlacionar risco cirúrgico, condutas adotadas e complicações perioperatórias.

MÉTODOS:

Estudo transversal e retrospectivo, incluindo idosos, com indicação de intervenção vascular arterial, de março a dezembro de 2018. Avaliado comorbidades, capacidade funcional, bioquímica, eletrocardiograma, ecocardiograma, provas funcionais e estratificação de risco (escore Lee-Vasc). Baseado no risco fornecido, os cirurgiões definiam a conduta.

RESULTADOS:

Avaliados 34 pacientes, idade média 68 anos, 80% homens, 41% tabagistas, 76% hipertensos e 62% dislipidemicos. Proposto procedimento para estenose carótidea (20%), aneurisma de Aorta abdominal (AAA) (62%) e doença arterial periférica (DAP) (18%). Angioplastia carotídea indicada em 1 paciente, de alto risco (Lee-Vasc ≥8), abordado sem complicações. Entre as indicações de endarterectomia, 2 baixo (Lee-Vasc ≤4), 2 médio (Lee-Vasc 5-7) e 2 alto risco. Os de baixo risco mantiveram indicação, sem complicações. Os de risco médio positivaram testes funcionais sendo submetidos a cateterismo e revascularização, adiando a abordagem carotídea. Os de alto risco tiveram cirurgia contra-indicada, seguindo tratamento clínico (TC). Dos portadores de AAA com indicação endovascular (EVAR), 6 baixo, 3 médio e nenhum alto risco; os com indicação via aberta foram 3, 8 e 1, respectivamente. Dos nove pacientes com proposta de EVAR, um procedimento contra-indicado pelo risco de sangramento e oito tratados com sucesso. Dos com indicação inicial de via aberta, os de baixo risco foram operados e a única complicação foi eventração com ressutura da parede abdominal. Os de médio e alto risco, quatro mantiveram conduta inicial e cinco passaram para EVAR ou TC. Para DAP, os com indicação percutânea foram de médio risco e tratados sem intercorrências; e os com indicação via aberta, dois foram alto, um médio e um baixo risco, este último submetido à cirurgia, sem complicações; os demais, mantido TC.

CONCLUSÃO:

Avaliação pré-operatória e estratificação de risco pelo escore Lee-Vasc, embora com limitações, teve impacto significativo na definição de cirurgias vasculares arteriais e parece proteger de complicações perioperatórias graves.

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