Caso incomum de infarto agudo do miocárdio: embolia distal por grande aneurisma de tronco de coronária esquerda
Unusual case of acute myocardial infarction: distal embolism due to large aneurysm of the left main coronary artery

Rev. Soc. Cardiol. Estado de Säo Paulo; 31 (supl. 2B), 2021
Ano de publicação: 2021

INTRODUÇÃO:

Os aneurismas de artéria coronária (AAC) são definidos por uma dilatação focal de mais de uma vez e meia o segmento normal da artéria. São raros, sendo o aneurisma de tronco de coronária esquerda (TCE), ainda mais raro com incidência estimada em 0,1% dentre os pacientes submetidos a angiografia coronariana. Os aneurismas podem apresentar-se apenas como achado de exame em pacientes assintomáticos em sua maioria, porém podem também evoluir com trombose local, compressão extrínseca ou ruptura aneurismática.

RELATO DE CASO:

Homem de 42 anos, sem comorbidades, foi atendido no pronto socorro com dor torácica típica, sendo diagnosticado com infarto agudo de miocardio (IAM) anterior extenso e submetido a trombólise com critérios reperfusão. No ecocardiograma transtorácico apresentava acinesia do segmento médio e apical da parede anterior e anterolateral com fração de ejeção 45%. Realizada cineangiocoronariografia (CATE) que não evidenciou lesões obstrutivas significativas, porém identificou a presença de um aneurisma de 9 mm no TCE com imagem negativa sugestiva de alta carga trombótica. (Figura 1). Após uma semana de anticoagulação plena o CATE foi repetido e já não se observavam mais os trombos no TCE. (Figura 2) Realizada triagem para trombofilias, doenças do tecido conjuntivo e infecciosas sendo todas negativas. Paciente é mantido em tripla terapia por um ano. Atualmente estável sem novos eventos trombóticos.

DISCUSSÃO:

Apresentamos um caso raro de aneurisma de TCE com trombos no seu interior cuja manifestação inicial foi um IAM. O aneurisma de TCE, embora muito raro, pode ser causa de IAM. O AAC, na maioria das vezes, possui etiologia aterosclerótica, seguido por doença de Kawasaki, do tecido conjuntivo, autoimune, infecciosa e idiopática. A maioria dos AAC são assintomáticos, outros apresentam uma clínica variável. O baixo fluxo no segmento aneurismático pode levar a formação de trombo com consequente embolização distal podendo ocasionar um IAM. O CATE continua sendo o padrão ouro para o diagnóstico. O tratamento inclui a ligação cirúrgica, angioplastia com stent recoberto ou tratamento clínico mediante anticoagulação associada ou não a antiagregação plaquetária. A cirurgia é o tratamento de eleição em casos de doença aterosclerótica obstrutiva grave associada ou aneurismas gigantes com risco de ruptura. Os pacientes necessitam de acompanhamento clínico e de imagem periodicamente. Aneurismas pequenos tem um prognóstico favorável com baixo risco de eventos isquêmicos diferentemente dos aneurismas gigantes.

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