Rev. arg. cardioangiol. interv; 12 (3), 2021
Ano de publicação: 2021
OBJETIVOS:
Avaliar resultados imediatos e tardios do tratamento perventricular das comunicações interventriculares musculares (CIVm) congênitas em dois centros de referência em cardiopatias congênitas no Brasil. MÉTODOS:
Realizado estudo retrospectivo incluindo os pacientes submetidos à oclusão perventricular de CIVm entre 2007 e 2017. Os casos foram divididos em dois grupos de acordo com a indicação do procedimento:
tratamento primário (onde a correção da CIVm é o objetivo principal) ou tratamento complementar (onde há associação com outros defeitos). Foram analisados os dados pré-operatórios, intraoperatórios e do pós-operatório imediato e tardio a partir das informações do prontuário médico. RESULTADOS:
No período estudado, 21 pacientes foram submetidos a 23 procedimentos para oclusão de CIVm pela técnica híbrida. A mediana de idade foi de 4,6 meses (22 dias-3,2 anos) e a média de peso foi 5,5±1,9 kg. O tratamento primário foi realizado em 9 pacientes com diâmetro de CIV = 9,0(4-17) mm. Dois pacientes tinham bandagem do tronco pulmonar prévia. Neste grupo, o sucesso ocorreu em 8 casos. Em 1 paciente houve deslocamento da prótese com necessidade de correção cirúrgica. Houve 1 óbito tardio por infecção em neonato com comorbidades. O restante do grupo não apresentou nenhum tipo de complicação. Em 12 pacientes foi realizado tratamento complementar, com CIVm=6,9(4,5-16) mm e 4 pacientes com CIVm múltiplas. Oito passaram por procedimentos recentes e 7 por correção cirúrgica concomitante ao procedimento híbrido. Em 11 pacientes a oclusão com prótese foi bem-sucedida e houve 1 óbito associado ao procedimento, não havendo complicações nos demais. Entre todos os pacientes tratados efetivamente pelo método perventricular o tempo médio de seguimento foi de 4,6 anos (8,5 meses-10,6 anos). Nenhum apresentou shunt residual maior que discreto, necessitou de reintervenção não-planejada ou apresentou sintomas cardiovasculares. CONCLUSÃO:
O tratamento híbrido para oclusão de CIVm congênitas apresenta altas taxas de sucesso em casos bem selecionados. Pacientes com baixo peso, em condição clínica desfavorável para cirurgia ou com cardiopatias complexas associadas são os principais candidatos para esta técnica. O procedimento mostra baixo índice de lesões residuais, baixa associação com arritmias, insuficiência valvar ou disfunção ventricular com resultados animadores a médio e longo prazo.