Arq. bras. cardiol; 117 (6 supl.1), 2021
Ano de publicação: 2021
INTRODUÇÃO:
A ocorrência de síncope é relacionada a mortalidade em portadores de bloqueio de ramo esquerdo (BRE), mas estes representam um grupo heterogêneo de indivíduos. Dentre os escores de risco para síncope, é consenso que as anormalidades eletrocardiográficas e a presença de cardiopatia subjacente são fatores proeminentes. Porém, não existe aprofundamento direcionado a essa população e pouco há que se agregue ao julgamento clínico nesses casos, até que o estudo eletrofisiológico (EEF) seja feito. OBJETIVOS E MÉTODOS:
Este foi um estudo transversal que incluiu pacientes com síncope e BRE submetidos a EEF em um hospital terciário especializado em Cardiologia, com o objetivo de avaliar a associação entre os parâmetros de eletrocardiograma (ECG) ao prolongamento do intervalo HV no EEF. RESULTADOS:
94 pacientes consecutivos foram elegíveis para a análise final. A idade média foi de 63,1 ± 11,9 anos, com predomínio do gênero masculino (68,1%). Quanto as principais comorbidades, a prevalência de tabagismo foi de 39,3%, hipertensão 84%, diabetes mellitus (DM) 29,7%, doença arterial coronária (DAC) 28,7% e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) reduzida (≤ 40%) 48,9%. Na análise univariada, FEVE ≤ 40% aparentou importância que não foi confirmada após regressão logística. Os valores de QRS médio ≥ 165 milissegundos (ms) (odds ratio [OR] 7,7 – valor de p [p] < 0,001) e de intervalo PR ≥ 220 ms (OR 7,10 – p < 0,005) foram preditores independentes para intervalo HV ≥ 70 ms. No subgrupo de pacientes com este desfecho, o QRS médio foi de 170,88 ± 26,81 ms, significativamente maior do que no grupo controle. Outros dados analisados não foram sistematicamente associados ao desfecho. CONCLUSÃO:
Em pacientes com síncope e BRE, a duração do QRS e a do intervalo PR foram preditores independentes de intervalo HV aumentado no EEF. Pesquisas em maior escala são necessárias para confirmação subsequente.