Arq. bras. cardiol; 117 (6 supl.1), 2021
Ano de publicação: 2021
INTRODUÇÃO:
Resultados favoráveis foram relatados com estimulação direta do sistema de excito-condutor cardíaco, o que tem motivado a inclusão desta técnica em recomendações e diretrizes atuais. Entretanto, não há dados disponíveis dessa prática no Brasil. OBJETIVOS:
Descrever as características demográficas, eletrocardiográficas e ecocardiográficas assim como os achados intra e peri-operatórios dos pacientes submetidos a estimulação fisiológica no Brasil. MÉTODOS:
Trata-se de um registro multicêntrico realizado em 15 centros no Brasil. A técnica cirúrgica utilizada seguiu a rotina dos centros participantes. RESULTADOS:
180 pacientes (64,9% homens, 74,8±12,5 anos) foram incluídos na análise entre maio e setembro de 2021. Características clínicas:
82,7% eram hipertensos, 33,5% diabéticos, 51,9% tinham antecedente de sincope, 23,2% DAC e 0,7% doença de Chagas; 76,7% apresentavam-se em CF-NYHA I ou II. A cardiopatia subjacente e o motivo do implante estão ilustrados na figura 1. Em 13,5% dos pacientes, o CDI foi concomitantemente indicado. Quanto aos achados eletrocardiográficos, 89,2% dos pacientes apresentavam-se em ritmo sinusal e 10,8% em FA/flutter atrial. O QRS basal médio era de 131±32ms; 28,1% dos pacientes apresentavam BRE e 31,4% BRD. A FEVE média foi de 54,14±16,66%. Todos os centros reportaram sucesso do implante. O tempo médio de fluoroscopia foi de 17,6±14,5min e a duração média do procedimento 81,8±43,8. Dispositivo bicameral foi predominante na maior parte dos casos (figura 2). Em 75,1% dos casos, o eletrodo ventricular foi posicionado no RE/septo profundo (LVAT médio 77,7±10,7ms, potencial de RE reportado em 25,7%) enquanto o feixe de His foi a posição escolhida em 24,9% dos casos. Em 6,6% dos pacientes procedeu-se HOT/LOT-CRT. A onda R média foi 9,8mV e o limiar de captura 1,17V x 1,0ms. A duração média do QRS final foi 107,46 ± 18,6ms. As taxas de complicações foram baixas (figura 3). CONCLUSÕES:
O implante de marcapasso fisiológico é factível e seguro. As características dos pacientes incluídos nesse registro brasileiro, a preferência quanto ao tipo de estimulação (RE) e os resultados intra e pós operatórios precoces estão alinhados com as publicações internacionais mais recentes.