Arq. bras. cardiol; 118 (1 supl. 2), 2022
Ano de publicação: 2022
INTRODUÇÂO:
A arcada coronária é uma anomalia de "terminação" congênita rara das artérias coronárias, cuja incidência descrita é inferior a 0,1%. Pode ocorrer entre as artérias coronária direita (CD) e circunflexa (ACx) ou entre as artérias descendente anterior e descendente posterior. DESCRIÇÂO DO CASO:
Paciente homem, 60 anos, com histórico prévio de obesidade, dislipidemia, HAS, IAM em 2010, tratado com stent farmacológico (DES) em terço distal da CD e relato de, em contexto de investigação de rotina, ter realizado Angiotomografia de Coronárias que demonstrava CD ocluída distal intrastent. Em fevereiro de 2022, evolui com quadro novo de dor precordial com irradiação à mandíbula aos esforços menores que os habituais, com a duração de uma semana. Procurou serviço de emergência, onde ECG não apresentou alterações isquêmicas agudas e troponina permaneceu negativa. Recebeu diagnóstico de Angina instável e foi encaminhado ao laboratório de hemodinâmica. Realizada coronariografia via artéria radial direita, sem intercorrências, que evidenciou ateromatose severa do terço proximal ao terço médio seguida de oclusão total de aspecto crônico intrastent no terço distal da CD. A coronária esquerda estava isenta de aterosclerose, mas observou-se comunicação de trajeto entre as artérias ACx e CD de aspecto não tortuoso e maior que 01 (um) mm de diâmetro, padrão diferente de circulações colaterais usuais e compatível com arcada coronária. A ventriculografia esquerda demonstrou função contrátil preservada. CONCLUSÂO:
Ainda não há esclarecimento sobre a importância funcional desta rara anomalia, podendo tanto ser causa de isquemia por roubo de fluxo, como proteção em caso de lesão severa em uma das coronárias. Neste caso, devido à oclusão distal da CD protegida pela comunicação enviada pela ACx, optou-se por manutenção deste paciente em tratamento clínico otimizado. Em seguimento de 60(sessenta) dias, paciente evolui sem recorrência em dor torácica.