Abordagem contemporânea de lesões de bifurcação coronária tratadas na rotina de um serviço de referência de cardiologia invasiva
Contemporary approach to coronary bifurcation lesions routinely treated at an invasive cardiology referral service

J. Transcatheter Interv; 30 (supl.1), 2022
Ano de publicação: 2022

INTRODUÇÃO:

O tratamento percutâneo de lesões de bifurcação coronária pode ser tecnicamente desafiador e associar-se à complicações relacionadas ao comprometimento do ramo lateral (RL). De maneira geral, a estratégia provisional, com implante primário de stent no vaso principal (VP), é a técnica mais utilizada; entretanto, a melhor abordagem em lesões mais complexas, permanece em debate.

OBJETIVO:

Reportar a incidência e a abordagem técnica de lesões de bifurcação coronária submetidas à intervenção coronária percutânea (ICP) na prática diária contemporânea em um serviço de referência terciário.

MÉTODOS:

Foi realizado um levantamento de dados de procedimentos de ICP realizados durante 01 ano, entre 01/03/2021 até 28/02/2022, sendo identificados os pacientes com lesão de bifurcação coronária com RL ≥2.0mm tratados com stents farmacológicos. A complexidade das lesões foi determinada pela classificação de Medina, sendo a lesão de bifurcação verdadeira considerada na vigência de comprometimento significativo (estenose >50%) dos 02 ramos.

Sucesso angiográfico foi definido como:

fluxo TIMI 3, lesão residual <50% e ausência de dissecção no VP e no RL ao final do procedimento.

RESULTADOS:

Dentre os 1898 procedimentos de ICP realizados no período, 327 (17,2%) envolviam bifurcações, sendo 60% (197/327) classificadas como lesões de bifurcação verdadeiras. No geral, os pacientes com bifurcações apresentaram-se com síndrome coronária aguda em 70% dos casos e 74% tinham comprometimento multiarterial. A via de acesso radial foi utilizada em 73% e métodos de imagem invasivos guiaram a ICP em 15%. A tabela exibe os dados angiográficos e técnicos. O sucesso angiográfico nos 02 ramos foi obtido em 93%, devido principalmente a comprometimento persistente do RL em 21 casos (6%).

CONCLUSÕES:

As lesões de bifurcação coronária representaram 17% dos procedimentos de ICP realizados na prática contemporânea, sendo que a maioria apresentava elevada complexidade anatômica. Mesmo assim, a estratégia preferencial foi o implante de apenas 01 stent no VP. Dos casos tratados com 02 stents, a técnica DK-crush foi a mais utilizada. O POT e o kissing-balloon final foram realizados na maioria dos casos e o comprometimento persistente do RL foi evidenciado em apenas 6% das lesões tratadas.

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