O corpo no transplante cardíaco: quando é possível incorporar um órgão?
The body in the heart transplant: when is it possible to embody na organ?
Rev. Diálogos Interdiscip. (Mogi Cruzes); 14 (3), 2023
Ano de publicação: 2023
O transplante cardíaco é um procedimento de alta complexidade, o qual resguarda para o sujeito que nele se implica mudanças biológicas, mas também representacionais em relação ao seu corpo. Nesse contexto, a psicologia faz parte da equipe multidisciplinar e visa cuidar desse sujeito por meio da escuta, para além dos parâmetros médicos desse do processo de transplante, que radicaliza a experiência do “outro em si”. A escuta clínica ocorre por meio do acompanhamento desses pacientes ao longo do processo de espera por um transplante e, após o procedimento, através da relação transferencial estabelecida com o terapeuta. No caso do presente trabalho, sob a ótica da psicanálise, oferecendo um lugar de potência para que o processo de incorporação desse enxerto em nível subjetivo seja possível. O estudo em questão é uma pesquisa qualitativa, retrospectiva e prospectiva dos fatos clínicos coletados ao longo do acompanhamento do paciente, dos registros clínicos realizados e das supervisões teórico-práticas. Com isso, busca-se sustentar a importância de instituir esse espaço de escuta e essa relação ao longo do processo e no pós-transplante, considerando que o momento da cirurgia é um marco para o corpo do sujeito, mas não é necessariamente o momento da apreensão subjetiva do paciente. O objetivo do trabalho é verificar através da narrativa dos pacientes submetidos ao transplante cardíaco em acompanhamento psicológico, o processo de incorporação do enxerto. Verificou-se que há desdobramentos para além do organismo a partir da cirurgia, sendo o corpo, simbolizado, afetado de maneira subjetiva para cada paciente, demandando um tempo e espaço de elaboração para que seja possível realizar o processo de incorporação.