Rev. bras. cir. cadiovasc. (Online); 38 (3 suppl.1), 2023
Ano de publicação: 2023
INTRODUÇÃO:
A fibrilação atrial constitui a principal complicação no pós-operatório de cirurgia cardiovascular. Sua gênese é multifatorial, portanto, sua rápida identifi cação é fundamental para mitigar os riscos associados. OBJETIVO:
Avaliar a incidência de fi brilação atrial em pacientes submetidos à cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) e sua relação com outras complicações no nosso cenário. MÉTODOS:
Análise retrospectiva de pacientes submetidos à CRM isolada entre 2017 e 2019, pertencentes ao Registro Paulista de Cirurgia Cardiovascular (REPLICCAR II). As variáveis foram coletadas prospectivamente no REDCap seguindo as defi nições dadas pela versão 2.73 do STS Adult Cardiac Surgery Database. Os dados foram coletados com autorização prévia do Comitê de Ética local e as análises, realizadas no software R. RESULTADOS:
Foram incluídos 3.803 pacientes, dos quais 605 apresentaram fi brilação atrial no pós-operatório (FAPO). De forma a ajustar os grupos, foi utilizado propensity score matching entre as seguintes variáveis (insufi ciência renal crônica/ aguda; classifi cação NYHA; diabetes mellitus; doença arterial periférica; ex-tabagista/tabagista; gênero; infarto agudo do miocárdio; necessidade de balão intra-aórtico; status cirúrgico; transfusão de hemoderivados no intraoperatório). Tais análises resultaram em 605 pacientes em cada grupo (sem FAPO vs. com FAPO). Entre os pacientes com FAPO, a média de idade foi de 67,56 anos, com prevalência do sexo masculino (445 pacientes, 73,6%). Não houve diferença estatística entre comorbidades (hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e dislipidemia), fração de ejeção, classe funcional ou risco cirúrgico (EuroSCORE). Pacientes pertencentes ao grupo com FAPO apresentaram mortalidade de 9,26% (P = 0,007), maior tempo de ventilação prolongada (P < 0,001), readmissão na unidade de terapia intensiva (P < 0,001), pneumonia (P < 0,001) e sepse (P < 0,001). Na análise múltipla, os tempos de ventilação mecânica (P = 0,044) e permanência na UTI (P < 0,001), bem como disfunção renal aguda (P = 0,032), estiveram associados à presença de FAPO. CONCLUSÃO:
A fi brilação atrial no pós-operatório de CRM está associada com maior tempo de UTI e de internação, assim como com disfunção renal, pneumonia e mortalidade hospitalar.