ABC., imagem cardiovasc; 36 (3 supl. 1), 2023
Ano de publicação: 2023
APRESENTAÇÃO DO CASO:
Paciente feminino, 78 anos, foi atendida no pronto socorro com queixa de dor torácica classificada como tipo B. Dosagem de Troponina discretamente elevada, sem variação significativa após duas coletas consecutivas. Eletrocardiograma com ritmo sinusal, sem alterações dignas de nota. Solicitada Angiotomografia de artérias Coronárias que identificou ectasia de Coronária Direita (trajeto extenso), contendo trombos murais, sem redução luminal significativa; demais vasos principais com ateromatose difusa e diâmetro preservado. Neste caso, foi decidido pelo tratamento clínico com introdução de anticoagulante associado a antiagregante plaquetário e seguimento ambulatorial para acompanhamento dos sintomas. DISCUSSÃO:
A ectasia de coronária corresponde a dilatação da artéria que assume mais de 1,5 vezes o diâmetro do vaso adjacente. Diferencia-se do aneurisma por acometer mais de 50% do comprimento total do vaso, costumando apresentar quadro clínico semelhante. São achados incomuns, muitas vezes incidentais. Grande parte dos casos é associado à alta carga aterosclerótica, principalmente em idade superior a 50 anos. Alterações genéticas, processos infecciosos e doenças do tecido conjuntivo também podem fazer parte da gênese da ectasia. O avanço da imagem cardiovascular permitiu incrementar a acurácia diagnóstica nesta situação, possibilitando boa avaliação da parede do vaso, extensão da lesão e conteúdo luminal, cujo achado de trombos é um marcador de risco para complicações isquêmicas (embolia ou redução luminal). O principal objetivo do tratamento é intervir nestes fatores para prevenção cardioembólica, recorrendo ao uso de anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Conforme avaliação de cada caso e experiência da equipe, o tratamento intervencionista pode ser considerado, sendo ele cirúrgico (como nos aneurismas maiores de 10mm, com risco de ruptura) ou percutâneo, cujos estudos recentes demonstraram sucesso em aneurismas menores. COMENTÁRIOS FINAIS:
O achado de ectasia e aneurisma – apesar de ser considerado raro e não infrequente incidental, deve chamar atenção, inclusive como diagnóstico etiológico diferencial de dor torácica na sala de emergência. Através do diagnóstico precoce, é possível estabelecer terapêutica adequada e evitar repercussões ao paciente, tendo impacto importante a ampliação do uso e a evolução tecnológica dos exames de imagem, como no caso relatado.