ABC., imagem cardiovasc; 36 (3 supl. 1), 2023
Ano de publicação: 2023
RESUMO:
Introdução/Justificativa: A pandemia de COVID-19 provocou redirecionamento massivo dos recursos do sistema de saúde brasileiro no atendimento aos pacientes, que aliado às medidas de isolamento social tiveram impacto sobre o diagnóstico e tratamento das doenças cardiovasculares. Até o momento não há dados precisos sobre o impacto desses eventos sobre a realização de exames diagnósticos cardiológicos nos primeiros 2 anos da pandemia. OBJETIVO:
avaliar o número de exames diagnósticos cardiológicos no SUS e na medicina suplementar nos anos de 2019 a 2021 no Brasil. MÉTODO:
coletamos dados referentes aos exames de teste ergométrico, ecocardiograma (repouso e estresse; transtorácico e transesofágico), cintilografia (perfusão de estresse e repouso), cineangiocoronariografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética cardíaca realizados nos anos de 2019, 2020 e 2021 no SUS e na medicina suplementar. Os dados foram agrupados por ano, método diagnóstico, sistema (público ou privado) e região do Brasil e os resultados foram comparados. RESULTADOS:
no ano de 2019, foram realizados 10,5 milhões de exames diagnósticos cardiológicos (SUS+suplementar); em 2020 houve queda para 8,2 milhões; já em 2021 houve recuperação parcial, com 10,3 milhões de exames realizados. As tendências diferiram conforme o sistema:
enquanto no SUS observou-se queda de 24,5% em 2020 e queda de 5,2% em 2021 (referentes a 2019), na saúde suplementar encontramos queda de 20,7% em 2020 e queda de 0,2% em 2021 (referentes a 2019). A avaliação por método diagnóstico também mostrou comportamento heterogêneo:
teste ergométrico, cintilografia miocárdica e cateterismo apresentaram queda em 2020 e recuperação apenas parcial em 2021 em relação aos nùmeros de 2019; já o ecocardiograma mostrou queda em 2019 com crescimento em 2021 acima dos números de 2019; por fim, tomografia computadorizada e ressonância magnética cardíacas apresentaram aumento contínuo ao longo de 2020 e 2021 em relação a 2019. Por fim, a análise por região também mostrou comportamento heterogêneo: regiões Nordeste e Sudeste apresentaram queda em 2020 com recuperação parcial em 2021; já as regiões Norte, Centro- Oeste e Sul apresentaram queda em 2020 seguida de aumento em 2021 acima do número de exames realizados em 2019. CONCLUSÃO:
a pandemia de COVID-19 provocou impacto significativo na realização de exames diagnósticos cardiológicos no Brasil, com impacto heterogêneo conforme o método, região e sistema de saúde analisado.