INTRODUÇÃO:

A prevalência de diabetes mellitus em pacientes com doença arterial coronariana (DAC) é elevada, constituindo um fator de risco significativo para complicações após cirurgia de revascularização miocárdica (CRM).

OBJETIVO:

Avaliar a associação dos níveis de hemoglobina glicada (HbA1c) com complicações pós-operatórias em pacientes submetidos à CRM.

MÉTODOS:

Estudo observacional e retrospectivo de pacientes submetidos à CRM isolada no período de 1 ano (julho de 2016 a julho de 2017). Os pacientes foram divididos em três grupos de acordo com os valores de hemoglobina glicada (HbA1c < 6,5%; HbA1c ≥ 6,5% e < 7,5%; HbA1c ≥ 7,5%) para análise e comparações múltiplas entre as variáveis préoperatórias e complicações. Subanálise entre pacientes diabéticos e não diabéticos também foi realizada. Neste estudo, o software R (versão 4.2.3) foi utilizado e aplicou-se P < 0,05 para significância estatística.

RESULTADOS:

Foram incluídos 383 pacientes, com média de 62,5 anos de idade (P = 0,308) e prevalência do sexo masculino (276, 72%; P = 0,019). HbA1c < 6,5% foi identificada em 192 (50,1%) pacientes e ≥ 7,5% em 115 (30%) pacientes. Entre as complicações pós-operatórias, acidente vascular cerebral (P = 0,036), sepse (P = 0,034) e mortalidade intra-hospitalar (P = 0,018) estiveram associados a maiores níveis de HbA1c. Na análise comparativa entre pacientes diabéticos e não diabéticos, ajustados pelos valores de HbA1c, mortalidade por todas as causas foi significativa (P = 0,007).

CONCLUSÃO:

Níveis de HbA1c elevados estão associados a maiores taxas de sepse e acidente vascular cerebral, bem como mortalidade intra-hospitalar, portanto, um pior prognóstico. A análise dos valores pré-operatórios de HbA1c permite à equipe cirúrgica estratificar pacientes de maior risco e permitir um controle dos níveis glicêmicos de forma adequada, mitigando complicações.