Comunicação interatrial como causa de baixo fluxo e baixo gradiente na estenose aórtica grave: uma associação pouco descrita
Interatrial communication as a cause of low flow and low gradient in severe aortic stenosis: an association little described

ABC., imagem cardiovasc; 37 (3 supl. 1), 2024
Ano de publicação: 2024

APRESENTAÇÃO DO CASO:

Paciente do gênero feminino, 75 anos de idade, com diagnóstico de Comunicação Interatrial do tipo Ostium Secundum (CIA OS) desde os 65 anos, encontrava-se em acompanhamento ambulatorial, inicialmente assintomática. Nas últimas consultas, queixando-se de dispneia classe funcional II de NYHA. Realizado novo Ecocardiograma Transtorácico, três anos após o último, evidenciando a valva aórtica espessada e calcificada, com aspecto degenerativo, com gradientes sistólicos elevados (máximo de 30 mmHg e médio de 19 mmHg), TAC de 114 ms e área valvar de 0,8 cm² estimada pela Equação de Continuidade, além da CIA OS previamente descrita, medindo 6 mm, com shunt esquerda-direita (Qp/Qs de 3,9). Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) estimada em 60%, stroke volume indexado do VE de 25 ml/m².

DISCUSSÃO:

Dentre as causas clássicas de Estenose Aórtica (EA) grave com baixo fluxo e baixo gradiente, encontramos a disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (classicação D2), bem como a presença de ventrículos esquerdos pequenos e de espessura parietal aumentada que podem apresentam baixo volume sistólico, apesar de paradoxalmente apresentarem FEVE preservada (classificação D3). Encontramos na literatura médica poucos casos de EA grave associada à presença de CIA. Fisiopatologicamente, o shunt interatrial esquerda-direita leva à redução do fluxo transvalvar mitral e aórtico, gerando uma condição de baixo fluxo e baixo gradiente sistólico trans-aórtico, ainda que na presença de uma valva aórtica com evidente redução de sua área de abertura.

COMENTÁRIOS FINAIS:

Este caso clínico ilustra uma causa não usual e ainda pouco descrita de EA grave baixo fluxo e baixo gradiente em uma paciente idosa de 75 anos que apresentava previamente uma CIA OS associada. A associação destas duas condições muda não somente o entendimento hemodinâmico e fisiopatológico, como também a condução clínica e a decisão de uma provável programação de tratamento intervencionista.

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