Origem aberrante da artéria subclávia direita: um diagnóstico a ser considerado
Aberrant origin of the right subclavian artery: a diagnosis to be considered

ABC., imagem cardiovasc; 37 (3 supl. 1), 2024
Ano de publicação: 2024

APRESENTAÇÃO DO CASO:

Paciente do sexo masculino, 5 anos, encaminhado ao nosso serviço devido quadro de refluxo gastresofágico (RGE) iniciado aos 4 meses de idade, evoluindo com disfagia, vômitos intensos, déficit pôndero-estatural e episódios recorrentes de broncoespasmo. Fez uso contínuo de corticóide inalatório, broncodilatadores e inibidores de bomba de prótons (IBP), sem resposta adequada. Devido à persistência dos sintomas, realizado endoscopia digestiva alta (EDA), a qual evidenciou quadro de Esofagite Erosiva Distal de leve intensidade e compressão extrínseca esofágica pulsátil, sugestiva de artéria subclávia anômala. Confirmado diagnóstico por ecodopplercardiograma transtorácico que demonstrou a presença de artéria subclávia direita aberrante com trajeto retroaórtico e realizado angiotomografia dos vasos da base que corroborou com achado ecocardiográfico. Paciente evoluiu clinicamente estável, sendo mantido em seguimento clínico devido exames subsequentes como EDA e estudo contrastado do esôfago-estômago-duodeno (EED) sem sinais de compressão extrínseca naquele momento.

DISCUSSÃO:

A anomalia da artéria subclávia direita é a malformação vascular mais comum do arco aórtico, apesar de ser considerada uma condição rara na população de modo geral, estando presente em apenas 0,05% a 1%, em paciente com Síndrome de Down, a incidência encontra-se em cerca de 40%. Tal condição ocorre quando a artéria subclávia direita se origina diretamente da aorta descendente, e sua causa pode estar relacionada à regressão anormal do quarto arco aórtico primitivo, durante o desenvolvimento embriológico. O trajeto posterior ao esôfago e à traqueia é uma característica importante dessa anomalia, pois, apesar de raros, são descritos sintomas consequentes à compressão posterior dessas estruturas, tais como disfagia, RGE, estridor e dispneia, além de degeneração aneurismática ou doença aterosclerótica oclusiva.

COMENTÁRIOS FINAIS:

Por mais que a artéria subclávia com origem aberrante seja uma malformação rara, geralmente um achado acidental e embora dificilmente perpetue com sintomas, a suspeita sempre deve ser levantada diante de quadro de sintomas relacionados à compressão traqueal ou esofageana, como crises de broncoespasmo recorrentes e sintomas digestivos como refluxo e disfagia. Dessa forma, seu diagnóstico precoce é essencial para melhora da qualidade de vida, bem como evitar repercussões clínicas ao paciente.

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