Pressão arterial divergente de causa rara: múltiplas fístulas coronário – cavitárias
Rare divergent blood pressure: multiple coronary-cavitary fistulas

ABC., imagem cardiovasc; 37 (3 supl. 1), 2024
Ano de publicação: 2024

A Fístula Coronário Cavitaria (FCC) é a comunicação entre uma artéria coronária e uma veia ou câmara cardíaca. A incidência é cerca de 0,002% na população geral e até 0,25% dos pacientes submetidos a cineangiocoronariografia. As fístulas para ventrículo esquerdo são muito mais raras, com incidência de cerca de 3%.

CASO:

Paciente masculino, 75 anos, hipertenso e tabagista, com relato de dispneia aos moderados esforços e pressão arterial (PA) divergente (200/70mmHg). O Médico da unidade básica de saúde solicitou cintilografia miocárdica que evidenciou hipoperfusão persistente na parede ínfero lateral do ventrículo esquerdo e função ventricular global preservada. O eletrocardiograma não evidenciou área eletricamente inativa (contrastando com a cintilografia). Ao ecocardiograma observou-se artérias coronárias com ectasia (troncos principais com 9 e 7mm de diâmetro), múltiplas imagens sugestivas de fluxo diastólico direcionado da parede para dentro do ventrículo esquerdo. O VE tinha discreta dilatação, com fração de ejeção no limite inferior da normalidade e strain global longitudinal reduzido. Sem evidência de insuficiência aórtica ou de outras causas de roubo de fluxo. A cineangiocoronariografia mostrou coronárias com ectasia, isentas de processo ateromatoso, com imagem sugestiva de FCC tanto da coronária esquerda quanto direita.

CONCLUSÃO:

A maioria dos casos de FCC é assintomática e diagnosticada incidentalmente. No caso do nosso paciente, a presença de PA divergente direcionou o exame para patologias com roubo de fluxo. Excluímos as mais frequentes e obvias, e o achado de fluxo diastólico da parede para o VE ajudou no diagnóstico de FCC, confirmado por coronariografia. Devido baixa casuística relatada, o diagnóstico desses pacientes é ainda um desafio para a prática clínica do ecocardiografista. Também é um desafio terapêutico, dessa forma, mais estudos precisam ser realizados para que esta condição seja cada vez mais suspeitada, diagnosticada e tratada.

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