TAVI-in-TAVI de salvamento por fratura de folheto: relato de caso
Salvage TAVI-in-TAVI for leaflet fracture: case report

Arq. bras. cardiol; 121 (9 supl.1), 2024
Ano de publicação: 2024

INTRODUÇÃO:

A longa experiência em troca valvar cirúrgica nos ensinou acerca da durabilidade limitada de biopróteses. E assim como estas, as próteses implantadas via transcateter degeneram com o tempo, requerendo intervenção adicional. O desafio torna-se ainda maior quando a indicação do procedimento deveu-se ao alto risco cirúrgico, sendo o reimplante transcateter de válvula aórtica (TAVI-in-TAVI) a única opção viável.

DESCRIÇÃO DO CASO:

Homem, 87 anos, idoso não frágil, foi submetido a primeira TAVI em 2016 com implante de bioprótese Acurate TF Symetis M devido à estenose aórtica grave (etiologia bicúspide e calcífica). O ecocardiograma transtorácico (ETT) pósprocedimento mostrava a bioprótese normofuncionante, orifício efetivo de fluxo (OEF) 1,8 cm², gradiente sistólico médio 8 mmHg, refluxo paraprotético discreto e fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) de 45%. Paciente manteve-se em classe funcional (CF) I até 2024, quando foi internado por piora da dispneia, evoluindo para CF III. Realizado ETT com imagem sugestiva de fratura de folheto e disfunção biventricular importante (FEVE=35% e FAC= 22%). Como consequência de risco cirúrgico proibitivo (EUROSCORE II de 30%), optou-se pela realização de TAVI-in-TAVI após compensação clínica, porém evoluiu com choque cardiogênico e necessidade de inotrópico. Devido à instabilidade clínica não foi possível realizar tomografia computadorizada para planejamento do implante, decidido prosseguir com procedimento monitorizado por ETT. Procedimento realizado sob sedação, com angiografia para visualização de coronárias e TAVI prévia, seguido de implante de bioprótese MyVal (Meril Lifesciences) n° 24.5mm com pós-dilatação. Injeção de controle demonstrava prótese aórtica bem posicionada, refluxo paravalvar discreto com coronárias pérvias e bom fluxo. ETT pós-procedimento: endoprótese bem posicionada, abertura e mobilidade preservadas, OEF 2,1 cm², gradiente sistólico médio 3 mmHg, FEVE 36%, FAC 26%, mantendo refluxo paraprotético discreto. Recebeu alta 8 dias após TAVI-in-TAVI em CF NYHA I.

CONCLUSÃO:

Sabemos que TAVI-in-TAVI em pacientes selecionados, apresentam bons resultados, porém em nosso paciente foi realizado em caráter de urgência demonstrando efetividade. A intervenção percutânea TAVI-in-TAVI de urgência, mostrou-se factível diante de paciente com instabilidade hemodinâmica e resultou em melhora clínica e ecocardiográfica substanciais do paciente.

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