Int. j. cardiovasc. sci. (Impr.); 37 (suppl. 6), 2024
Ano de publicação: 2024
INTRODUÇÃO:
A associação entre fibrilação atrial (FA) e condições de saúde mental é bem estabelecida na literatura médica, todavia o impacto da ablação por cateter em comparação à terapia médica sobre a saúde mental e qualidade de vida ainda permanece incerto. Esse trabalho tem como objetivo realizar uma meta-análise comparando os efeitos da ablação por cateter versus terapia médica na saúde mental e qualidade de vida em pacientes com FA. MÉTODOS:
Foi realizado busca sistemática nas bases de dados PubMed, Scopus e Cochrane por ensaios clínicos randomizados (ECRs) que compararam a ablação por cateter com a terapia médica para o tratamento de FA. Foi posto em enfoque resultados relacionados a (1) indicadores de saúde mental, avaliados usando o resumo do componente mental do questionário SF-36 ou a pontuação HADS, e (2) qualidade de vida, avaliada através do resumo do componente físico do SF-36 (PCS SF-36) e pontuaçaõ AFEQT. Foi realizada análise de subgrupos com base no tipo de FA, comparando FA paroxística e persistente. Foi utilizado modelo de efeitos fixos ou aleatórios para calcular as diferenças médias (MD) ou diferenças médias padronizadas (SMD) com intervalos de confiança de 95% (IC). RESULTADOS:
Dos 15 ECRs incluídos envolvendo 5.262 pacientes, 2.725 (51,7%) foram submetidos à ablação por cateter. A idade média era de 59 anos, 67,1% eram homens e o seguimento médio variou de 1 a 4 anos. Em comparação com o tratamento médico a ablação por cateter foi associada a uma melhoria significativa na saúde mental (SMD 0,34; IC 95% 0,05-0,63 pontos; p=0,02) e nos indicadores de qualidade de vida, avaliados tanto pelo PCS SF-36 (MD 2,64; IC 95% 1,06-4,26 pontos; p<0,01) quanto pelo AFEQT (MD 6,24; IC 95% 4,43-8,05 pontos; p<0,01). Não houve diferença nos escores de qualidade de vida entre os subgrupos de FA paroxística ou persistente. CONCLUSÃO:
Com base em 15 estudos e 4.789 pacientes, observamos que a maioria dos submetidos à ablação por cateter são homens, com idade média de 59 anos, e seguimento de 1 a 4 anos. Esses pacientes apresentaram melhoras significativas na saúde mental e qualidade de vida comparados à terapia médica, com aumentos notáveis de 0,34 pontos na saúde mental e elevações de 2,64 e 6,24 pontos nos índices PCS SF-36 e AFEQT, respectivamente. Esses benefícios se mantiveram tanto para fibrilação atrial paroxísticaquanto persistente.