Desfechos a longo prazo de pacientes chagásicos com síncope e distúrbio da condução intraventricular submetidos a estudo eletrofisiológico
Long-term outcomes of chagasic patients with syncope and intraventricular conduction disorder undergoing electrophysiological study

Int. j. cardiovasc. sci. (Impr.); 37 (suppl.9), 2024
Ano de publicação: 2024

INTRODUÇÃO:

A abordagem de síncope em pacientes com doença de Chagas (DC) e distúrbios da condução intraventricular (DCI) representa um desafio. Embora o estudo eletrofisiológico (EEF) seja uma ferramenta diagnóstica nessa situação, a evidência para sua utilização necessita elucidações. Este estudo analisou retrospectivamente os desfechos a longo prazo de pacientes com DC que apresentaram síncope inexplicada e DCI que realizaram EEF.

MÉTODOS:

Estudo de coorte retrospectivo de 32 pacientes com DC e DCI que apresentaram síncope inexplicada e realizaram EEF em nossa instituição entre maio de 2013 e setembro de 2019. Pacientes com intervalo HV maior que 70ms foram submetidos a implante de marcapasso, enquanto aqueles com taquicardia ventricular sutentada (TVS) induzida no EEF receberam o cardiodesfibrilador implantável. O acompanhamento clínico foi realizado até agosto de 2024 e avaliou a progressão do DCI para bloqueio atrioventricular de segundo grau tipo 2 (BAV2G) ou bloqueio atrioventricular total (BAVT), bem como episódios de TVS.

RESULTADOS:

Amédia de idade foi de 60,3 anos, 14 pacientes (43,8%) do sexo feminino e a fração de ejeção média foi de 47,8%. Um total de 8 pacientes (25%) apresentou intervalo HV maior que 70ms, e 3 desses (37,5%) evoluíram para BAVT ou BAV2G. Entretanto, 22 pacientes (68,8%) tiveram intervalo HV menor que 70ms e 1 paciente (4,5%) evoluiu para BAV avançado. Treze pacientes (40,6%) apresentaram TVS ou fibrilação ventricular durante o EEF. Destes 13 pacientes, 6 (46,2%) apresentaram episódios de TVS no seguimento. O restante, 19 pacientes (59,4%), não apresentaram TVS durante o EEF, mas 3 (15,8%) apresentaram episódios de TVS durante o acompanhamento. Três pacientes (9,4%) faleceram devido a insuficiência cardíaca no seguimento.

CONCLUSÃO:

Esse estudo sugere que a aferição do intervalo HV e a indução de TVS durante o EEF podem auxiliar na estratificação de risco dos pacientes portadores de DC com DCI que apresentam síncope inexplicada. No entanto, mais estudos são necessários para esclarecer os benefícios a longo prazo dessa abordagem nesta população.

Mais relacionados