INTRODUÇÃO:

A ablação por cateter de Taquicardia Ventricular (TV) em pacientes com Cardiomiopatia Chagásica Dilatada (CCD) pode ser desafiadora devido à complexidade do substrato. Afinalidade do procedimento é a redução do número de TVs e de terapias dos cardiodesfibriladores implantáveis, resultando em melhor qualidade de vida, redução da dose de antiarrítmicos e de seus efeitos colaterais. Ainda não há dados do impacto sobre aumento de sobrevida devido à realização de ablação.

OBJETIVO:

Determinar a mortalidade em 30 dias pós procedimento de pacientes com Cardiomiopatia Chagásica com fração de ejeção menor que 35% submetidos à ablação de TV.

MÉTODOS:

Análise retrospectiva de 22 pacientes consecutivos com CCD submetidos à ablação de TV cicatricial em nossa instituição entre outubro de 2020 e junho de 2024 e refratários a, pelo menos, duas drogas antiarrítmicas, incluindo amiodarona.

RESULTADOS:

A idade média foi de 62 anos, sendo 63,6% (14) do sexo masculino. A fração de ejeção média do ventrículo esquerdo foi de 27,5%. Tempestade elétrica foi o motivo de indicação do procedimento em 50% (11) dos casos. A ablação por radiofrequência era guiada pelo mapeamento eletroanatômico de ativação das TVs bem toleradas, visando potenciais mesodiastólicos, e por mapas funcionais (ILAM). Em 76,2% (16) dos casos foram realizadas abordagens endocárdica e epicárdica.

Não foi realizado mapeamento epicárdico em 4 casos devido a:

aderências em pericárdio (2) e status clínico do paciente (2). A mortalidade relacionada ao procedimento ocorreu em 4,5% (1) devido a perfuração de ventrículo direito após punção epicárdica. Amortalidade em até 30 dias após procedimento foi de 14,2% (3) devido a choque séptico foco pulmonar e choque cardiogênico.

CONCLUSÃO:

Em nosso estudo, a taxa de mortalidade precoce em 30 dias após ablação foi considerável, possivelmente influenciada pela cardiomiopatia avançada e altas taxas de tempestade elétrica.