Int. j. cardiovasc. sci. (Impr.); 37 (suppl.9), 2024
Ano de publicação: 2024
INTRODUÇÃO:
A obstrução da via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE) ocorre em cerca de 70% dos pacientes com Cardiomiopatia Hipertrófica (CMH), conferindo elevada morbidade e risco de morte súbita. A miectomia cirúrgica e a alcoolização septal são estratégias invasivas já estabelecidas para pacientes refratários à terapia medicamentosa, mas possuem resultados variados e taxas não desprezíveis de complicações. A ablação endocárdica por cateter de radiofrequência (RF) tem se mostrado uma alternativa a essas abordagens. DESCRIÇÃO DO CASO:
Mulher, 50 anos de idade, portadora de Cardiomiopatia Hipertrófica Obstrutiva (CMHO) refratária a tratamento medicamentoso, classe funcional NYHA III, hipertensão arterial pulmonar grave tipo II e elevado risco cirúrgico avaliado por “Heart Team”. Foi optado pela ablação septal por RF como terapia. O procedimento foi realizado sob anestesia geral, com inserção de cateter “pigtail” no ventrículo esquerdo (VE), que mostrou gradiente máximo na via de saída do VE (VSVE) de 113 mmHg, além de cateteres decapolar em His, quadripolar em átrio direito e ablador 8 mm por via retroaórtica no VE. Areconstrução do volume eletroanatômico do VE evidenciou concavidade ao nível do trato de saída coincidente com o septo alto. Realizou-se extensa ablação guiada pelo ecocardiograma transesofágico (ETE) na área de maior obstrução septal, com controle de temperatura em 60º e potência de 70W. Após a ablação, houve nova mensuração do gradiente máximo na VSVE de 100mmHg (redução aproximada de 13mmHg). Não houve comprometimento do sistema de condução ou outras complicações peri-procedimento. Dois meses após a abordagem, a paciente apresentava Classe Funcional NYHAI e ecocardiograma transtorácico com gradiente máximo na VSVE de 53 mmHg. CONCLUSÃO:
A ablação por RF é um procedimento seguro, capaz de diminuir o gradiente da VSVE e melhorar o status funcional em pacientes portadores de CMH com obstrução grave. O uso do ETE permite uma otimização no posicionamento do cateter de ablação, minimizando o risco de complicações.