Uso prolongado da bomba de balão intra-aórtico: uma estratégia segura?
Prolonged use of intra-aortic balloon pump: a safe strategy?

Int. j. cardiovasc. sci. (Impr.); 37 (suppl. 12), 2024
Ano de publicação: 2024

FUNDAMENTO:

O transplante cardíaco (TC) é a terapia principal na insuficiência cardíaca avançada (ICA) refratária ao tratamento clínico otimizado. O balão intra-aórtico (BIA) é um dispositivo de assistência ventricular que auxilia na estabilidade hemodinâmica quando há deterioração clínica a despeito de doses crescentes de inotrópicos. O maior estudo até o momento manteve o BIA por 03 dias. Outros trabalhos tentaram validar seu uso por pelo menos dez dias, embora sem sucesso.

OBJETIVO:

Descrever os principais resultados e complicações associados ao uso prolongado de BIA em um centro de transplante cardíaco.

MATERIAIS E MÉTODOS:

Com base nos registros médicos eletrônicos da instituição de 2019-2023, realizou-se uma coorte histórica de sete casos que utilizaram o BIA por mais de 30 dias antes de serem submetidos ao TC. A idade variou de 18 a 63 anos (média de 43,57 anos). Todos classificados como Interagency for Mechanically Assisted Circulatory Support 2 (INTERMACS 2) durante o período de avaliação. As etiologias para ICA e necessidade de TC foram miocardite de células gigantes, miocardite grave associada à Covid-19, cardiomiopatia dilatada de etiologia valvar reumática e cardiomiopatia chagásica. A média da fração de ejeção foi de 26,85%. Foram monitorados constantemente pela equipe multidisciplinar da terapia intensiva. A necessidade de manutenção do BIA foi revisada diariamente pela equipe assistente, assim como seu funcionamento e possíveis complicações associadas ao dispositivo.

RESULTADOS:

Todos os pacientes utilizaram BIA continuamente por mais de 30 dias, com um tempo médio de 98,42 dias. Embora a mediana esteja mais próxima de 30 dias, a média foi superestimada por dois pacientes que permaneceram com o BIA por 225 e 247 dias, respectivamente. Com relação às complicações durante o uso do BIA, foi observado sangramento do óstio do dispositivo em dois casos, ambos resolvidos com bolsa de sutura. Nenhum paciente apresentou infecção durante o uso do dispositivo. Todos foram transplantados e permaneceram com o BIA até o momento do procedimento. Os dois pacientes com tempo de uso do BIA extremamente prolongado (mais de 200 dias) precisaram ter o dispositivo removido no centro cirúrgico pelo risco de ruptura, o que ocorreu sem intercorrências.

CONCLUSÃO:

O uso prolongado do BIA em pacientes que aguardavam o TC mostrou-se eficaz na manutenção da estabilidade clínica. Apesar dos riscos associados, como sangramento e complicações trombóticas, o monitoramento em um ambiente especializado permitiu a utilização segura do BIA por períodos prolongados. A ausência de infecções indica o gerenciamento eficaz dos riscos e a seleção cuidadosa dos pacientes. O atendimento multidisciplinar é fundamental para evitar complicações mecânicas, infecciosas e manter a saúde emocional do paciente enquanto aguarda o transplante.

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