Int. j. cardiovasc. sci. (Impr.); 37 (suppl. 13), 2024
Ano de publicação: 2024
INTRODUÇÃO:
O manejo da angina instável é marcado por desafios diagnósticos devido à sua natureza subjetiva e limitada representação em ensaios clínicos randomizados. Atualmente, recomenda-se realização da estratégia invasiva direta (cinecoronariografia) somente para pacientes de alto risco, classificados através de escores ou alterações eletrocardiográficas, porém tal recomendação ainda não é validada em uma população de pacientes com múltiplas comorbidades. OBJETIVO:
Este estudo visa avaliar o perfil de comorbidades, eletrocardiograma e padrão angiográfico de pacientes internados com angina instável em um pronto-socorro terciário de cardiologia. METODOLOGIA:
Coorte retrospectiva, que incluiu pacientes com diagnóstico de angina instável em um período de 20 meses consecutivos, com o uso de troponina convencional. Foram excluídos pacientes que não foram submetidos à cinecoronariografia. Foi realizada análise descritiva das variáveis escolhidas. RESULTADOS:
Entre o período de julho de 2018 e fevereiro de 2020, 729 pacientes foram internados com diagnóstico de Angina Instável. Desses, 611 (84%) realizaram cinecoronariografia em algum momento da internação. A idade média desses pacientes foi de 63 anos (±10.6), sendo 36% do sexo feminino, 82% hipertensos, 45% diabéticos tipo 2, 59% dislipidêmicos, 18% tabagistas , 19% doentes renais crônicos e 62% já tinham diagnóstico de doença coronariana prévia. O escores classificaram os pacientes como de risco baixo a moderado, com GRACE médio de 92,5 (±25,6), TIMI 3,4 (±1,5) de e HEART de 5 (±1). Também não houve alterações eletrocardiográficas significativas:
apenas 12% tinham alterações isquêmicas de onda T e apenas 2% tinham infradesnivelamento do segmento ST. Das 611 cinecoronariografias realizadas, foram realizados 316 procedimentos de angioplastia (52%), sendo 15% com envolvimento de DA proximal ou TCE. A prevalência de obstrução coronariana foi descrita com mais detalhes na figura 1. CONCLUSÃO:
Em pacientes internados por angina instável, análise da angiografia demonstrou alta prevalência de obstrução coronariana em contraste com escores e eletrocardiograma que classificavam a maioria dos pacientes como risco baixo a moderado. Nossos achados sugerem que, em pacientes com alta probabilidade de DAC, como na amostra, solicitar cinecoronariografia como primeiro exame de estratificação nesses doentes pode ser uma estratégia adequada.