Ano de publicação: 2022
Anquiloglossia:
magnitude, diagnóstico e tratamento
A anquiloglossia, comumente conhecida como “língua presa”, é uma variação anatômica
que limita a mobilidade da língua, causada por uma restrição do frênulo lingual. Uma
revisão sistemática e meta-análise apontou que a prevalência de anquiloglossia (15
estudos; n = 24.536) foi de 8% (IC 95% 6-10%, p < 0,01), sendo de 7% no sexo masculino
e 4% no sexo feminino. Observou-se ainda, uma prevalência de 10% ao usar um
instrumento de avaliação padronizado em comparação com 7% ao usar o exame visual
sozinho (p = 0,16), sem diferença estatisticamente significativa (HILL et al., 2021).
Alguns estudos apontam que a presença de anquiloglossia pode levar a dificuldades de
amamentação, incluindo incapacidade de o bebê se alimentar continuamente no peito,
pega inadequada, baixo ganho de peso e trauma mamilar (INGRAM et al., 2015). Tendo
em vista os inúmeros benefícios da amamentação, é crescente o interesse na
identificação precoce da anquiloglossia e definição de seu tratamento (VICTORA et al.,
2016).
Alguns instrumentos para o diagnóstico de anquiloglossia foram propostos, como por
exemplo a Ferramenta de Avaliação da Função do Frênulo Lingual (ATLFF) de Hazelbaker
(AMIR et al. 2006); o sistema de classificação de Kotlow (KOTLOW L.A., 1999); a
classificação da gravidade da anquiloglossia proposta por Coryllos (CORYLLOS et al.,
2004): o Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua em Bebês de Martinelli
(MARTINELLI et al., 2016) e o Protocolo de Avaliação da Língua de Bristol (Protocolo
Bristol) (INGRAM et al., 2015), dentre outros. De forma geral, limitações são apontadas
no tocante à avaliação das propriedades psicométricas de todos os instrumentos
disponíveis (HILL et al., 2021).
Em relação ao tratamento da anquiloglossia, uma revisão sistemática incluindo cinco
ensaios clínicos randomizados (n= 302) mostrou que a frenotomia reduziu a dor nos
mamilos das mães que amamentam no curto prazo, porém não foi identificado um efeito
positivo consistente na amamentação. Os pesquisadores não relataram complicações
graves, mas o número total de lactentes estudados foi pequeno. Assim, o pequeno
número de estudos e deficiências metodológicas limitou a certeza dos achados, sendo
necessário conduzir outros ensaios controlados randomizados com alta qualidade
metodológica para determinar os efeitos da frenotomia (O'SHEA et al., 2017).