Prótese fenestrada para oclusão da comunicação interatrial em pacientes com disfunção do ventrículo esquerdo

Ano de publicação: 2022

INTRODUÇÃO:

A presença de uma ampla comunicação interatrial (CIA) em pacientes com disfunção sistólica (DS) e/ou diastólica (DD) significativa do ventrículo esquerdo (VE) é pouco tolerada devido ao “shunt” maciço esquerdo-direito (E-D) pelo defeito e fluxo pulmonar torrencial. Por outro lado, o fechamento completo da CIA pode resultar em congestão veno-capilar grave, edema e hipertensão pulmonar. O fechamento parcial da CIA com uma fenestração funcionando como válvula de escape é recomendada nestes casos.

OBJETIVO:

Descrever uma nova técnica de fechamento percutâneo parcial da CIA.

MÉTODOS:

Breve relato de 3 pacientes com DS e/ou DD grave do VE com ampla CIA. O defeito foi fechado com próteses Amplatzer fenestradas com introdutores percutâneos 12F. Um guia 0.014” foi passado pela fenestração e avançado paralelamente ao cabo de liberação. Após o implante da prótese, um stent coronário foi avançado sobre o guia e liberado através da malha da prótese precedido de pré-dilatação e seguido de pós dilatação a 4-5 mm. Dupla antiagregação foi ministrada no seguimento, que constou de reavaliação clínica e ecocardiográfica.

RESULTADOS E CONCLUSÕES:

A idade dos 3 pacientes variou de 1 a 4 anos. Um tinha comunicação interventricular perimembranosa (CIV) com DS do VE grave após saída de CEC na cirurgia corretiva, necessitando de ECMO e descompressão atrial E. Dois eram portadores de variantes da Sd da Hipoplasia do VE com DD. Estes estavam em situação biventricular dentro de um protocolo de reabilitação escalonada do VE desde a intervenção na vida intra-uterina. O procedimento foi exitoso nos 3 pacientes resultando em melhora clínica inicial. No primeiro paciente (da CIV) utilizou-se stent regular dilatado a 4,3 mm. Após 1 ano a fenestração fechou espontaneamente não sendo possível a recanalização percutânea. Uma cirurgia com derivação do apêndice atrial E para a veia inominada foi realizada. Nos outros 2 pacientes, stents eluídos com drogas foram implantados a 5,0-5,3 mm com patência mantida no seguimento. Apesar do sucesso da técnica, 2 pacientes faleceram, um em tratamento paliativo e outro aguardando transplante. O outro está bem após 1 ano.

Conclusões:

A criação de uma fenestração com implante de stents através da malha da prótese de fechamento da CIA foi factível nesta experiência inicial. Stents eluídos dilatados a 5 mm parecem ter patência mais duradoura. O regime de antiagregação vs anticoagulação nestes casos deve ser mais bem elucidado com acúmulo de experiência.

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