Ano de publicação: 2023
Teses e dissertações em Português apresentado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Instituto de Saúde para obtenção do título de Doutor. Orientador: Garcia, Mariana Tarricone
Objetivo:
Analisar a percepção e o conhecimento sobre alimentação adequada e saudável na perspectiva do Guia Alimentar para a População Brasileira dos médicos e enfermeiros da ESF no município de Santa Bárbara d’Oeste/SP. Metodologia:
Estudo transversal de abordagem qualitativa e quantitativa realizado com todos os médicos (n=11) e enfermeiros (n=9) das nove equipes de ESF do município. Os dados foram coletados no último bimestre de 2022 por meio de entrevistas semiestruturadas, escalas validadas e questionários de autopreenchimento. A análise qualitativa seguiu o referencial de análise de conteúdo temático, enquanto os dados quantitativos foram submetidos a análises descritivas. Resultados:
Todos os médicos e enfermeiros da ESF abordam rotineiramente questões relacionadas à alimentação e nutrição, reconhecendo a importância de promover a alimentação adequada e saudável no contexto da ESF e nas demandas que enfrentam. Eles demonstram compreender o conceito-chave do Guia Alimentar, porém, este conhecimento foi avaliado como moderado, de acordo com a análise da escala de mensuração de conhecimento. Essa análise revelou lacunas e inseguranças quanto à aplicação prática do Guia Alimentar. Além disso, a falta de confiança na orientação aos usuários foi evidenciada pela baixa autoeficácia e insegurança na equipe em realizar essa ação, refletida pela baixa eficácia coletiva na utilização do Guia Alimentar nas ações de promoção da alimentação adequada e saudável (PAAS). As entrevistas reforçaram a constatação de um conhecimento superficial em relação ao conteúdo detalhado do Guia Alimentar. Outro ponto de destaque é que percepções como o custo, a praticidade e o apelo sensorial dos produtos ultraprocessados, bem como a confusão entre uma alimentação saudável e a ideia de restrição alimentar aparecem como desafios aos profissionais, além da ênfase em nutrientes específicos, que entra em conflito com as orientações do Guia Alimentar vigente. A análise revelou também fatores internos e externos que impactam negativamente na PAAS pela equipe da ESF. Entre esses fatores estão limitações de tempo e alta demanda, desalinhamento da equipe, carência em qualificação, falta de nutricionista na equipe ESF, insuficiência de recursos de apoio para educação em alimentação e nutrição. Além disso, a tendência dos pacientes em não buscar ações de promoção e prevenção e a condição socioeconômica dos pacientes também foram identificadas como obstáculos. Por outro lado, fatores propulsores das ações de alimentação e nutrição na ESF incluem a existência de uma política que determina as atribuições da ESF, disponibilidade de uma equipe completa, ambiente de equipe colaborativo e acolhedor aos usuários, realização de visitas domiciliares, realização de atividades educativas e presença de ACS que fortalecem o vínculo com os pacientes, aproximando-os da equipe de saúde. Conclusão:
Embora a APS seja um ambiente ideal
para promover a alimentação adequada e saudável, é essencial que os profissionais de saúde estejam preparados e qualificados para desempenhar essa função. O conhecimento sobre as diretrizes do Guia Alimentar poderia amenizar os desafios encontrados pelos profissionais nas ações de PAAS. Os resultados deste estudo destacam a necessidade de investir em qualificação para esses profissionais em alimentação e nutrição, bem como em estratégias que reforcem a confiança na aplicação das diretrizes do Guia Alimentar. Essas melhorias fortalecem a atenção nutricional na APS e contribuem para promoção de saúde e prevenção de doenças na comunidade atendida.