Ano de publicação: 2023
Teses e dissertações em Português apresentado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Instituto de Saúde para obtenção do título de Doutor. Orientador: Toma, Tereza Setsuko
Objetivo:
Considerando que o cuidado farmacêutico, mesmo quando realizado de forma
remota, pode contribuir para uma melhor adesão ao tratamento de pessoas com hepatite B
crônica, esta pesquisa buscou avaliar o processo de implementação do serviço de telefarmácia em um hospital universitário. Métodos:
Uma pesquisa de implementação, com
foco na análise das fases exploratória, de instalação e de implementação do programa de
Cuidado Farmacêutico em Hepatologia para pessoas que vivem com hepatite B, foi
conduzida no Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. O protocolo de pesquisa foi elaborado com auxílio da ferramenta ImpRes e a avaliação do processo de implementação teve como base os referenciais metodológicos RE-AIM, Proctor e diálogo deliberativo. Resultados:
A pesquisa contou com 8 profissionais, que participaram como membros do comitê gestor e/ou como executores do programa de cuidado farmacêutico. O alcance do programa foi de 48%, uma vez que houve participação de 12 dos 25 usuários elegíveis (pessoas com hepatite B avaliadas como não aderentes ao
tratamento recomendado), sendo que 9 optaram pelo grupo de teleconsultas e 3 pelo
atendimento presencial. Em comparação a parâmetros anteriores do serviço, observou-se
uma tendência à melhora na pontuação do escore de adesão ao programa. O tempo de
consulta no atendimento por telefarmácia foi cerca de metade do tempo da consulta
presencial. A taxa global de resolução dos problemas relacionados a medicamentos foi de
69,56%. Entre as barreiras à implementação identificadas destacam-se: o desconhecimento dos usuários quanto ao aplicativo “Portal do Paciente HC” e ao cuidado farmacêutico; aparelhos de celular e internet dos usuários com baixa capacidade de conexão; necessidade de maior divulgação e adequação do aplicativo, com treinamento dos usuários e cuidadores para sua utilização. Entre os facilitadores destacam-se: o modelo de governança do programa oferecido; as estratégias de confirmação de consultas; o engajamento da equipe e programas de capacitação e supervisão clínica dos profissionais. Conclusão:
O serviço implementado foi considerado viável, passível de ser mantido e recebeu ajustes conforme as necessidades dos profissionais e usuários, de forma permitir a superação de algumas
barreiras durante o processo de implementação. Ainda assim, é fundamental a manutenção
das duas modalidades de atendimento, presencial e por telefarmácia, uma vez que neste
serviço, como em outros locais no Brasil, o acesso à internet e às tecnologias de informação e comunicação não é universal.