Ano de publicação: 2023
Teses e dissertações em Português apresentado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Instittuto de Saúde para obtenção do título de Doutor. Orientador: Viana, Mônica Martins de Oliveira
Objetivos:
O objetivo geral deste trabalho foi identificar o sentido produzido pelas
usuárias ao participar de um grupo de dança oferecido pela atenção básica, e,
identificar o perfil socioeconômico, o histórico de saúde, o motivo de terem procurado
o grupo, conhecer a sua trajetória de vida e, assim como a importância do grupo na
vida delas. Métodos:
trata-se de uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa
desenvolvida em duas fases sequenciais: aplicação de questionário estruturado a 29
usuárias e realização de 6 entrevistas semi-estruturadas. Resultados:
as
participantes apresentaram a idade média de 50,96 anos, 60% se declararam pardas
ou negras, 48,29% não concluíram o ensino médio, 33% apresentaram renda familiar
de até 01 salário, 24,13% trabalham fora de casa, 93,10% são SUS dependentes e
44,82% tratam de alguma doença. O convite foi realizado sob os argumentos de
favorecer o combate ao sedentarismo, trazer benefícios para a saúde mental e
complementar o tratamento de saúde, por amigos e profissionais de saúde. Entre as
diversas histórias de vida, foram apresentadas situações de vulnerabilização como
fome, violência, racismo e outros preconceitos, o convívio com parceiros alcoolistas,
em que essas mulheres assumiram os papéis de cuidadora e mãe, e assim abdicaram
de possíveis oportunidades em suas vidas. As entrevistas evidenciaram que o grupo
de dança é um espaço para a prática de atividade física, um momento de espairecer,
de conversar, de aprender e ser feliz. Através do grupo de dança receberam um
cuidado físico, mental e social, com a presença de fortes vínculos de amizade, ainda
que estas dimensões não tenham sido deliberadamente construídas no planejamento
do grupo. Conclusão:
Conclui-se que a atividade em grupo na atenção básica tem
forte potencialidade na promoção da saúde, na educação, no desenvolvimento da
autonomia e do autocuidado. Entretanto, evidencia-se a necessidade de uma
abordagem, por parte da equipe de saúde, baseada na clínica ampliada, na promoção
da saúde e no feminismo.