Coinfecção leishmaniose visceral e vírus da imunodeficiência humana no Brasil
Visceral leishmaniasis and human immunodeficiency virus co-infection in Brazil
Ano de publicação: 2024
Teses e dissertações em Português apresentado à Coordenadoria de Controle de Doenças. Instituto Adolfo Lutz para obtenção do título de Especialista. Orientador: Motoie, Gabriela
A leishmaniose visceral (LV) é uma enfermidade causada por protozoários do gênero Leishmania. No Brasil, seu agente etiológico é Leishmania (Leishmania) infantum e a doença é transmitida através da picada dos vetores Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi. Assim como outras doenças, tem alta letalidade em indivíduos não tratados, crianças desnutridas e indivíduos imunocomprometidos como os portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV). O HIV possui tropismo pelas células T auxiliares (CD4+), o que, por sua vez, pode propiciar ao indivíduo infectado a aquisição de novas doenças, o surgimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (aids) e o comprometimento do processo de cura de infecções oportunistas devido à fragilidade de seu sistema imunológico. Os indivíduos coinfectados por leishmaniose visceral e HIV (LV/HIV) apresentam imunidade mais debilitada, devido à destruição dos macrófagos pela LV e das células T auxiliares pelo HIV, e são propensos a terem recidivas e falha no tratamento. O objetivo deste trabalho foi realizar revisão bibliográfica acerca da coinfecção LV/HIV. Foram selecionados artigos depositados nas bases de dados como Pubmed, SciELO, Google acadêmico e Lilacs. A revisão foi limitada a casos no Brasil, compreendidos no período 2007-2022, que abordam a coinfecção LV/HIV, onde foram priorizados os artigos mais recentes sobre o tema e dados fornecidos em manuais do Ministério da Saúde e através da plataforma do DATASUS. Ao realizar a revisão bibliográfica, constatou-se que a coinfecção LV/HIV é um problema significativo no Brasil, especialmente em áreas do Nordeste, parte do Centro-Oeste e grande parte do Sudeste, onde as atividades agropecuárias são a principal fonte econômica das regiões. A vulnerabilidade de indivíduos imunocomprometidos, como os portadores de HIV, agrava o quadro clínico. Esses resultados reforçam a relevância de medidas de controle, prevenção e tratamento eficazes, especialmente em áreas endêmicas e em grupos de risco, como homens entre 30 e 39 anos, que trabalham em ocupações com maior probabilidade de transmissão.