O declínio progressivo da imunidade celular e humoral observado nos pacientes idosos faz com que estes indivíduos sejam, aparentemente, mais suscetíveis a complicaçöes pós-operatórias, particularmente às complicaçöes sépticas. Com a finalidade de reavaliar este conceito, foram analisados 104 pacientes com mais de 60 anos, submetidos à cirurgia abdominal. Este grupo representou 19,65% dos pacientes operados no período de um ano pelos Serviços de Cirurgia Geral e Proctologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No que diz respeito às infecçöes cirúrgicas, observamos que näo houve diferença significativa nos índices de infecçäo da ferida ou da cavidade operada após cirurgias limpas e potencialmente contaminadas, quando comparadas com os pacientes jovens. No entanto, quando a cirurgia era primariamente contaminada ou infectada, estes índices foram duas vezes maiores após os 60 anos, e, após os 70 anos, 50% dos pacientes evoluíram com infecçäo cirúrgica. A incidência de infecçöes respiratórias e urinárias foi maior neste grupo, e este fato pode ser atribuído à presença de patologias associadas, como a DPOC, diabetes e doença prostática, mais comuns na idade avançada. Os casos que evoluíram com septicemia também foram mais freqüentes, o que elevou o índice de mortalidade neste grupo e contribuiu para uma taxa de letalidade das infecçöes pós-operatórias 20 vezes maior. Estes resultados sugerem que o paciente idoso näo possui uma maior suscetibilidade a infecçöes cirúrgicas, mas sim uma dificuldade em lidar com um processo infeccioso já instalado. Na maioria dos países desenvolvidos, a expectativa de vida da populaçäo atinge cifras superiores aos 70 anos, o que vem aumentando progressivamente o contingente de pessoas idosas e gerando novos problemas sociais e médicos. O Brasil, um país jovem, que ainda näo superou as barreiras do subdesenvolvimento, apresenta sua ...