Aspectos nutricionais de pessoas acometidas por hanseníase, entre 2001 e 2014, em municípios do semiárido brasileiro
Nutritional aspects of people affected by leprosy, between 2001 and 2014, in semi-arid Brazilian municipalities
Ciênc. Saúde Colet. (Impr.); 24 (7), 2019
Publication year: 2019
Resumo O estudo buscou caracterizar a insegurança alimentar, o estado nutricional e os hábitos alimentares de pessoas acometidas por hanseníase. Trata-se de um estudo transversal descritivo, de população censitária, em que foram avaliados 276 casos, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação, entre 2001 e 2014, nos municípios de Vitória da Conquista e Tremedal, Bahia. Na análise foi empregada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Foram coletadas medidas de peso e altura, frequência alimentar, variáveis domiciliares, socioeconômicas, psicossociais e clínicas. A prevalência de insegurança alimentar foi de 41,0% na população; sendo 28,3% leve, 8,0% moderada e 4,7% grave. O sobrepeso/obesidade foi estimado em 60,1% das pessoas avaliadas e o consumo excessivo de sal foi relatado por 8,6%. O feijão e a carne vermelha foram os alimentos mais regularmente consumidos e houve baixo consumo de leite, hortaliças cruas e cozidas e frutas. A insegurança alimentar apresentou elevada prevalência, associada à inadequação do hábito alimentar e estado nutricional, refletindo a vulnerabilidade nutricional desta população. Recomenda-se a inserção da assistência nutricional às políticas públicas da hanseníase, como forma de qualificar a atenção à saúde.
Abstract The study aimed to characterize food insecurity, nutritional status, and eating habits of people affected by leprosy. This is a descriptive cross-sectional study based on a census population. We evaluated 276 cases, reported in the Notifiable Diseases Information System, between 2001 and 2014, in the municipalities of Vitória da Conquista and Tremedal, in the state of Bahia. Food insecurity was estimated according to the Brazilian Food Insecurity Scale. We collected weight and height measurements, meal frequency, and household, socioeconomic, psychosocial and clinical variables. The prevalence of food insecurity was 41.0% among the study population - 28.3% mild, 8.0% moderate and 4.7% severe. Overweight/obesity was estimated in 60.1% of the study participants, and excessive salt intake was reported by 8.6%. Beans and red meat were the most regularly consumed foods; there was low consumption of milk, raw and cooked vegetables, and fruits. This population presented high food insecurity prevalence, inadequate eating habits and nutritional status, reflecting nutritional vulnerability. The insertion of nutritional assistance in the leprosy control programmes is recommended, to improve health care.