Espíritos compositores e instrumentistas: a música na umbanda
Espíritus compositores e instrumentistas: la música en la umbanda
Composer and instrumentalist spirits: the music in umbanda

Psicol. Estud. (Online); 24 (), 2019
Publication year: 2019

RESUMO A umbanda é uma religião de possessão em que espíritos são venerados, incorporados e desincorporados em meio a música, geralmente composta pelo som do atabaque (instrumento de percussão) e pelo canto. Conhecidas como pontos-cantados, as canções rituais estão presentes no culto e na vida cotidiana dos médiuns, contudo pouco se sabe sobre a compreensão nativa a seu respeito. Mediante um estudo de caso etnográfico, investigou-se a concepção de música umbandista, numa perspectiva etnopsicológica. Os participantes foram dez médiuns e seis espíritos, uma vez que são considerados pelo campo sujeitos interlocutores com personalidade própria. As informações foram coletadas e analisadas com base num procedimento etnopsicanalítico que combina entrevistas semiestruturadas e observação participante com uma escuta atenta aos implícitos e às repetições discursivas e discutidos com base numa revisão da literatura. Encontrou-se que os pontos-cantados ajudam o médium a concentrar-se no mundo simbólico umbandista, podendo ser disparadores de sentimentos, sensações e pensamentos, associados aos espíritos que eles descrevem. Os médiuns percussionistas disseram que tocam sob a influência dos espíritos que os instruem a fazer movimentos corporais organizados. Conclui-se que o sujeito da musicalidade umbandista não é entendido como a pessoa que aparentemente a compõe e a executa. O termo música apenas pode ser usado mediante a subordinação do entendimento nativo do emprego ritual da sonoridade a uma concepção etnomusicológica que a inclui. O sentido geral do uso da música na umbanda é propiciar concentração mental e, portanto, entender seu papel é crucial para o desenvolvimento do conhecimento etnopsicológico a respeito do culto.
RESUMEN La umbanda es una religión de posesión en que los espíritus son venerados, incorporados y desincorporados en medio a la música, generalmente compuesta por sonido del atabal (instrumento de percusión) y por el canto. Conocidas como puntos-cantados, las canciones rituales están presentes en culto y en el cotidiano de los médiums, todavía poco se sabe sobre la comprensión nativa a su respecto. Mediante un estudio de caso etnográfico, se investigó la concepción de música umbandista, en perspectiva etnopsicológica. Los participantes fueran 10 médiums y 6 espíritus, considerados sujetos interlocutores con personalidad propia. Las informaciones fueron recolectadas y analizadas con base en un procedimiento etnopsicoalítico que combina entrevistas semiestructuradas y observación participante con una escucha atenta a los implícitos y las repeticiones discursivas y discutidos sobre la base de una revisión de la literatura. Los datos apuntan que los puntos-cantados ayudan al médium a concentrarse en el mundo simbólico umbandista, pudiendo ser disparadores de sentimientos, sensaciones y pensamientos, asociados a espíritus que ellos describen. Los médiums percusionistas dijeron que tocan bajo la influencia de los espíritus que los instruyen a hacer movimientos corporales organizados. Se concluye que el sujeto de la musicalidad umbandistano es entendido como la persona que aparentemente la compone y la ejecuta. El término música sólo puede ser usado mediante la subordinación del entendimiento nativo del empleo ritual de la sonoridad a una concepción etnomusicológica que la incluye. El sentido general del uso de la música en el umbanda es propiciar concentración mental y por lo tanto entender su papel es crucial para el desarrollo del conocimiento etnopsicológico acerca del culto.
ABSTRACT Umbanda is a religion of possession in which spirits are venerated, embodied and disembodied in the midst of music, usually composed of the sound of atabaque (percussion instrument) and singing. Known as sung points, ritual songs are present in cult and in mediums' daily lives, yet little is known about native understanding of them. Through an ethnographic case study, the umbandist conception of music was investigated in an ethnopsychological perspective. The participants were 10 mediums and 6 spirits, which are considered by the field as interlocutor subjects with their own personality. Information was collected and analyzed based on an ethno-psychoanalytic procedure that combines semi-structured interviews and participant observation with an attentive listening to the implicit ones and the discursive repetitions and discussed based on a review of the literature. The data points that sung points help the medium to focus on the umbandist symbolic world, and can be triggers to feelings, sensations and thoughts associated with the spirits they describe. The percussionist mediums said they play under the influence of the spirits who instruct into making organized body movements. It can be concluded that the subject of umbandist musicality is not understood as the person who apparently composes and executes it. The term music can only be used by subordination of the native understanding of ritual use of sonority to an ethnomusicological conception that includes it. The general sense of the use of music in umbanda is to provide mental concentration and therefore understanding its role is crucial for the development of ethnopsychological knowledge about worship.

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