Análise crítica dos estudos que mudaram a prática clínica recente: doença valvar
Critical analysis of studies that have changed recent clinical practice: valvular heart disease
Rev. Soc. Cardiol. Estado de Säo Paulo; 29 (3), 2019
Publication year: 2019
Nesta breve análise crítica, discutiremos três estudos com potencial de alterar a prática clínica e as principais diretrizes internacionais no que tange à doença valvar. O estudo PARTNER III foi um estudo que randomizou 1000 pacientes de baixo risco cirúrgico entre troca valvar transcateter e cirurgia convencional, com superioridade da técnica transcateter em um desfecho primário combinado de mortalidade de todas as causas, acidente vascular cerebral (AVC) e re-hospitalização em doze meses de seguimento (8,5%vs.15,1%, p = 0,001). Já o estudo Evolut Low Risk
randomizou 1468 pacientes entre as duas técnicas, com um desfecho primário de mortalidade ou AVC incapacitante ao final de dois anos de seguimento que atingiu não-inferioridade na comparação Bayesiana (5,3% transcateter vs . 6,7% cirurgia). Finalmente, discutimos também o estudo COAPT, no qual 614 pacientes foram randomizados entre o dispositivo edge-to-edge MitraClip e o tratamento clínico da insuficiência mitral secundária. Nesses pacientes selecionados, a taxa anualizada de hospitalizações por insuficiência cardíaca foi de 35,8% por paciente-ano no grupo MitraClip, comparado com 67,9% no grupo controle (HR 0,53, IC 95% 0,4-0,7).Nas novas diretrizes, pode-se razoavelmente esperar uma indicação I para a troca valvar transcateter em pacientes de baixo risco e uma indicação IIa para a técnica
edge-to-edge em pacientes com características
semelhantes aos do COAPT. Esses procedimentos devem ser considerados no contexto do Heart Team para que sejam atingidos os melhores resultados
In this short critical review, we will discuss three trials with the potential to alter clinical practice and the main international guidelines regarding valvular heart disease. The PARTNER III trial was a study of 1000 low surgical risk patients randomized between transcatheter aortic valve replacement (TAVR) and conventional surgery, showing the superiority of the transcatheter technique with a combined primary endpoint of
all-cause mortality, stroke and rehospitalization over twelve months of follow-up (8.5%vs. 15.1%, p = 0.001). The Evolut Low Risk trial randomized 1468 patients between the two techniques with a primary endpoint of death or incapacitating stroke at the end of two years of follow-up, achieving non-inferiority in a Bayesian comparison (5.3% TAVR vs. 6.7% surgery). Finally, we also will discuss the COAPT study, in which 614 patients were randomized between the edge-to-edge MitraClip device and clinical treatment for secondary mitral regurgitation. Among these selected patients, the annual rate of hospitalizations for heart failure was 35.8% per patient-year in the MitraClip group,
compared with 67.9% in the control group (HR 0.53, 95% CI 0.4-0.7). Under the new
guidelines, we may reasonably expect a class I indication for transcatheter valvular
replacement in low-risk patients and a class IIa indication for the edge-to-edge technique in patients with characteristics similar to those of the COAPT study. These procedures should be considered within the context of the Heart Team so that the best results are achieved