Apraxia de fala e atraso de linguagem: a complexidade do diagnóstico e tratamento em quadros sintomáticos de crianças
Apraxia of speech and language delay: the complexity of diagnosis and treatment of symptomatic children
CoDAS; 31 (5), 2019
Publication year: 2019
RESUMO Define-se apraxia de fala como a inabilidade de sequenciar os movimentos necessários a uma produção articulatória acurada, cuja explicação, tradicionalmente, é remetida a um déficit na programação motora da fala. Não é infrequente que clínicos de linguagem se defrontem com casos clínicos em que a inconsistência da fala coloca questões quanto ao diagnóstico diferencial entre apraxia e quadros considerados de linguagem. O reflexo desse impasse é observado na dificuldade em estabelecer uma direção de tratamento adequada ao problema apresentado. Neste trabalho, apresentamos o relato de um caso clínico em que tanto o diagnóstico quanto o tratamento mobilizam discussões a respeito da condição apráxica de fala na infância. Nas apraxias, partimos do reconhecimento de que o corpo colocado em evidência é aquele que ultrapassa sua configuração puramente orgânica. Consequências clínicas são retiradas da premissa de que o corpo humano é aquele cuja orelha pode escutar e a boca, falar, ou seja, é estrutura orgânica posta a funcionar de maneira especial pela incidência da música da linguagem a invocar o corpo falante.
ABSTRACT Apraxia of speech is defined as the inability to sequence the movements required for accurate articulatory production, traditionally involving a deficit in speech motor programming. Language clinicians often confront about speech inconsistency clinical cases, which raise questions concerning the differential diagnosis between apraxia and language disorders. Such problem often results in the difficulty to establish an adequate treatment decision. In this work, we discuss a clinical report in which both diagnosis and treatment raise questions about the apraxic speech condition in childhood. We start from the recognition that, in apraxia, it seems imperative to consider that the body to be considered is the one that surpasses its organic functions and structure. Clinical consequences are drawn from the premise that the human body is one whose ear can listen, and mouth can speak, i.e., the organic structure is a material realm open to the incidence of language and its "music", which creates the speaking body.