Estilos clín; 24 (2), 2019
Publication year: 2019
O artigo apresenta uma trajetória de descoberta da riqueza das ideias ferenczianas:
partindo de uma questão de manejo técnico da "identificação com o agressor" na clínica com crianças vítimas de abuso sexual, a autora se deparou com as visionárias ideias de Sándor Ferenczi em prol de uma flexibilidade na técnica analítica, com a finalidade de driblar a resistência de alguns pacientes ao método analítico ortodoxo. Tal proposta, mesmo não tendo sido estudada ou seguida pelas instituições psicanalíticas, serve, perfeitamente, para descrever o manejo da técnica analítica com adolescentes na contemporaneidade - tanto na renúncia à estrita observância da regra fundamental da associação livre, quanto na necessária disponibilidade do analista para conviver seja com o silêncio como modo de resistência do paciente, seja com suas atuações (acting out). Ao estímulo dado por Ferenczi aos analistas para prestarem atenção à força da resistência dos clientes e aos sentimentos mobilizados pela contratransferência, podem somar-se as prescrições acerca da confiança na franqueza e na sinceridade do analista diante das atitudes desconfiadas e antipáticas do paciente - recomendações que se encaixam, como uma luva, no campo minado em que se constitui o setting analítico com adolescentes, conforme será ilustrado por fragmentos de um caso clínico.
El presente artículo presenta una trayectoria de descubrimiento de la riqueza de las ideas ferenczianas:
partiendo de una cuestión de manejo técnico de la "identificación con el agresor" en la clínica con niños y niñas víctimas de abuso sexual, la autora de deparó con las visionarias ideas de Sándor Ferenczi en pro de una flexibilidad en la técnica analítica, con la finalidad de driblar la resistencia de algunos pacientes al método analítico ortodoxo. Tal propuesta - aunque no haya sido estudiada o seguida por las instituciones psicoanalíticas - sirve, perfectamente, para describir el manejo de la técnica analítica con adolescentes en la contemporaneidad, tanto en la renuncia a la estricta observancia de la regla fundamental de la asociación libre, cuanto en la necesaria disponibilidad del analista para convivir sea con el silencio como modelo de resistencia del paciente o con sus actuaciones (acting out). Al estímulo dado por Ferenczi a los analistas para que presten atención a la fuerza de la resistencia de los clientes y a los sentimientos movilizados por la contratransferencia, pueden sumarse las prescripciones acerca de la confianza en la franqueza y en la sinceridad del analista delante de las actitudes desconfiadas y antipáticas del paciente - recomendaciones que se encajan, como un guante, en el campo minado en que se constituye el setting analítico con adolescentes, conforme se ilustrará por fragmentos de un caso clínico.
The article presents a trajectory of discovery of the richness of the Ferenczian ideas:
starting from a question of technical management of the "identification with the aggressor" in the clinic with children victims of sexual abuse, the author came across the visionary ideas of Sándor Ferenczi in favor of a flexibility in the analytical technique, in order to overcome the resistance of some patients to the orthodox analytical method. Such a proposal, even though it has not been studied or followed by psychoanalytic institutions, perfectly serves to describe the management of analytic technique with adolescents in the contemporary world - both in renouncing the strict observance of the fundamental rule of free association and in the analyst's necessary availability to live with silence as a way of resistance of the patient, or with their acting out. Ferenczi's stimulus to analysts to pay attention to the strength of client resistance and the feelings mobilized by counter-transference may add to the prescriptions about trust in the frankness and sincerity of the analyst of the patient's suspicious and unfriendly attitudes. As will be ilustrated by fragments of a clinical case, the author's recommendations fit perfectly in the minefield in which the analytical setting with adolescents is constituted.