HU Rev. (Online); 44 (3), 2018
Publication year: 2018
Introdução:
a hanseníase é uma doença infecciosa cujo diagnóstico, quando realizado tardiamente, resulta em dano neural e incapacidades físicas que restringem a participação social do indivíduo e contribuem para o estigma e discriminação. Além disso, fatores de risco ambientais, socioeconômicos e individuais podem contribuir para a vulnerabilidade ao adoecimento e evolução para incapacidades físicas. Objetivo:
analisar a influência da escolaridade na ocorrência de incapacidades físicas no diagnóstico da hanseníase no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Material e Métodos:
trata-se de um estudo transversal realizado na população de casos de hanseníase diagnosticados no Vale do Jequitinhonha, no período de 2001 a 2017, a partir de dados obtidos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A variável dependente foi o grau de incapacidade física no diagnóstico da hanseníase e a variável explicativa o nível de escolaridade dos casos. A análise estatística compreendeu a realização dos testes qui-quadrado, coeficiente de correlação de Spearman e odds ratio. Resultados:
foram notificados 1.940 casos de hanseníase no Vale do Jequitinhonha com uma taxa média de detecção de 47 casos/100.000 habitantes. Houve uma correlação inversamente proporcional entre as variáveis escolaridade e grau de incapacidade com significância estatística (-0,17; p<0,0001). Indivíduos sem escolaridade tiveram 82% mais chance de apresentarem incapacidades no diagnóstico de hanseníase quando comparados àqueles com nível fundamental (OR = 1,82; p = <0,0001), a chance de incapacidades foi ainda maior na comparação com a escolaridade de nível médio (OR = 4,03; p<0,0001). Conclusão:
o aumento no nível de escolaridade dos casos reduziu a chance de ser diagnosticado com alguma incapacidade instalada.
Introduction:
leprosy is an infectious disease whose diagnosis, when performed late, results in neural damage and physical disabilities that restrict the individual’s social participation and contribute to stigma and discrimination. In addition, environmental, socioeconomic and individual risk factors can contribute to vulnerability to illness and evolution to physical disabilities. Objective:
to analyze the influence of schooling on the occurrence of physical disabilities in the diagnosis of leprosy in the Jequitinhonha Valley, Minas Gerais. Material and Methods:
the present cross-sectional study was undertaken among leprosy patients diagnosed in the Jequitinhonha Valley from 2001 to 2017. The data was obtained from the SINAN (National Notifiable Diseases Information System). The dependent variable was the degree of physical disability in the diagnosis of leprosy and the explanatory variable was the educational level of the cases. statistical analysis included the chi-square test, Spearman’s correlation coefficient and odds ratio. Results:
1.940 cases of leprosy were reported in the Jequitinhonha Valley with an average detection rate of 47 cases/100.000 inhabitants. There was an inversely proportional correlation between the variables schooling and degree of disability with statistical significance (-0.17, p <0.0001). Individuals with no schooling were 82% more likely to have physical disabilities in the diagnosis of leprosy when compared to those with a low level (OR = 1.82; p = <.0001), the chance of disability was even higher when compared to a intermediate level of schooling (OR = 4.03, p <0.0001). Conclusion:
the increase in the level of schooling reduced the chance of being diagnosed with physical disabilities in leprosy patients.