Uma das áreas da saúde que é mais susceptível às mudanças é a atenção aos problemas musculoesqueléticos. São doenças disseminadas globalmente, extremamente prevalentes, 1 de elevado custo assistência 2, e que demandam atenção especial do profissional de saúde. 1Estima-se que 30 a 50% dos adultos em todo mundo queixam de dor, desconforto articular, dificuldade de movimentar membros ou tronco em algum momento de sua vida.1,3 Além de frequente, o cuidado destas doenças é dispendioso: nos Estados Unidos, o custo anual com o tratamento musculoesquelético é de US$ 287 bilhões, e aumentando.2A ortopedia é a ciência que estuda e propõe tratamento das doenças do aparelho locomotor. Em conjunto com a traumatologia, que é a ciência dos cuidados aos pacientes acometidos por traumas, compõe a especialidade que mais assiste, no Brasil, aos enfermos que necessitam cuidados musculoesqueléticos. Neste editorial destacamos o Serviço de Ortopedia e Traumatologia (SOT) do HU-UFJF, referência na assistência aos pacientes de Juiz de Fora e Zona da Mata mineira que necessitam cuidados ao aparelho locomotor. Atualmente o grupo é composto por médicos ortopedistas especializados segundo critérios de entidades nacionais e internacionais, com expertise na atuação em cirurgia da coluna, joelho, extremidades (mão, pé e tornozelo), ombro e cotovelo, oncologia ortopédica e trauma do esporte. A origem do serviço de forma estruturada remota à 2007, com a iniciativa do Dr. Elmano de Araújo Loures em formar um grupo coeso de profissionais para prestar assistência da área no HU-UFJF. Em 2010, junto à assistência, iniciaram-se as atividades de um programa de formação de especialistas (residência médica), para potencializar a qualidade do trabalho de todos, e contribuir para a sociedade brasileira na formação de médicos especialistas altamente qualificados. O serviço e o programa cresceram em simbiose, assumindo importante destaque. Desde 2016 o serviço é uma das equipes que mais presta assistência médica aos pacientes do HU-UFJF. De janeiro de 2018 a julho de 2019 foram realizadas 1109 cirurgias de todas as complexidades, bem como, em média, quase mil consultas ambulatoriais mensais. O grupo também é referência estadual nas cirurgias ortopédicas de média e alta complexidade, realizando inclusive procedimentos que não são contemplados pelo SUS na capital do estado. Atualmente o serviço está inserido na rede regional de assistência à urgência traumatológica, atendendo com qualidade e eficiência os enfermos vítimas de trauma, em ação fundamental para conter um dos maiores problemas contemporâneos que afligem os pacientes da segunda à sexta década de vida.A missão do PRM é a extensão (assistência, ensino e pesquisa) com excelência e, desde seu início, formou quase duas dezenas de especialistas. Todos os egressos foram aprovados na prova de título da Sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT), considerada a mais difícil do Brasil. Todos os ex-residentes exercem papéis de destaque na atuação médico ortopédica em suas cidades. O PRM também contribui positivamente na interação com alunos de diversas faculdades e cursos, e esta ação é correspondida a cada ano com crescente interesse em suas atividades. O grupo possui grande produção científica, com apresentações em congressos, publicações em livros e revistas indexadas, e promove anualmente diversos eventos de educação continuada. A cada ano seus membros aumentam as participações em eventos científicos nacionais e internacionais. O PRM inovou no HU-UFJF em diversas iniciativas de cunho didático, incluindo um programa de mentoria para residentes. Em 2019 foi re-certificado pelas entidades competentes (MEC e SBOT), com reconhecimento dos avaliadores de que a formação ofertada é uma das melhores do país.Muitas vezes, no entanto, são necessárias adaptações no planejamento frente às novas necessidades. Em momentos de mudanças intensas, diversas observações ocorrem, e novas oportunidades surgem aos olhos.

No SOT não foi diferente:

novas observações para novas ações. As novas demandas levam à reflexão do indivíduo e do seu papel no coletivo. Qual o nosso propósito? Qual a razão para nosso trabalho? Ao grupo, surge um desafio: como manter os resultados de qualidade na extensão (assistência, ensino e pesquisa) se as novas demandas públicas exaurem recursos financeiros e humanos, levando à inflexibilidade de trabalho, desestímulos às inovações e pouca motivação na formação dos sucessores? O questionamento traz apenas uma resposta: investir no indivíduo. Impactar positivamente na vida dos que se beneficiam da “extensão” de nossas atividades (colegas de serviço e hospital, residentes, alunos e pacientes) é o que tornará sempre nossa atuação excelente.Não nos afastarmos do nosso propósito é o caminho para nos adaptarmos às novas demandas e seguirmos como referência. As novas lideranças do grupo acreditarão sempre que o caminho é investir no indivíduo, e assim os resultados continuarão promissores para a instituição e a para a sociedade.