Uso de antidepressivos em um município do Rio Grande do Sul
Use of antidepressants in a city of Rio Grande do Sul

Arq. ciências saúde UNIPAR; 20 (1), 2016
Publication year: 2016

Estudo transversal, realizado na Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de São José do Inhacorá/RS com o objetivo de realizar um levantamento quanto ao uso de medicamentos antidepressivos e os fatores associados ao seu uso. A amostragem e o tempo de coleta foi do tipo intencional, entre os meses de dezembro de 2013 a janeiro de 2014 foram identificados os pacientes que retiraram antidepressivos no município no ano de 2013 e entre janeiro a julho de 2014, os quais foram entrevistados nas residências. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unijuí sob parecer consubstanciado nº 508.920/2013.9. Dos 88 pacientes elegíveis para amostra, pode-se observar maior consumo de antidepressivos por mulheres (75%), e entre idosos. Os clínicos gerais realizaram a maioria das prescrições de antidepressivos, o que justifica-se pelo fato do município não apresentar serviço especializado e a classe farmacológica mais frequente foi ISRS (69,6%) e o antidepressivo mais prescrito foi a sertralina (31,8%). Apenas 18,2% dos usuários relataram efeitos adversos, conforme autorrelato.

Não houve diferença significativa com:

estado civil (p = 0,193; p > 0,005; ANOVA/Tuckey) e escolaridade (p = 0,543; p > 0,005; ANOVA/Tuckey), mas foi verificada quanto a idade (p = 0,0032; p > 0,005; ANOVA/Tuckey) e com sexo dos entrevistados (p = 0,0045; p > 0,005; Qui-quadrado), sendo mais utilizado por mulheres. Observou-se que em relação aos medicamentos antidepressivos utilizados pelos usuários apenas a Fluoxetina, Amitriptilina, Nortriptilina, Bupropiona estão incluídos na RENAME (BRASIL, 2013). Dos 12 medicamentos antidepressivos utilizados, oito não pertencem a RENAME (BRASIL, 2013), sendo estes sertralina, citalopram, imipramina, paroxetina, trazodona, venlafaxina, mirtazapina e escitalopram. O que se pode observar dos três antidepressivos mais utilizados apenas a fluoxetina encontra-se na RENAME (BRASIL, 2013), e o mais utilizado, a sertralina, não está presente nesta relação, mostrando a importância da reavaliação dos critérios de prescrição, criação da Relação de Medicamentos Municipais (REMUME) e elaboração de protocolos clínicos que amparem o uso destes medicamentos. Os dados mostram que a amostra usou antidepressivos distintos, sendo em sua maioria idosos e usuários de politerapia, sendo que estes dados mostram a necessidade de acompanhamento destes pacientes. Quanto ao relato de eventos adversos verifica-se que é necessário o desenvolvimento da cultura da farmacovigilância. Destaca-se, que este trabalho serviu de subsídio para a formação de grupo de saúde mental na UBS de São José do Inhacorá/RS, com objetivo potencializar as trocas dialógicas, compartilhar experiências e melhorar a adaptação individual e do convívio coletivo, buscando mais segurança no uso de medicamentos e indivíduos com mais qualidade de vida.
In order to research the use of antidepressant medications and factors associated with their use in the public health service of a municipality in the northwestern region of the state of Rio Grande do Sul, a cross-sectional study was performed in the Basic Health Unit (BHU) in the city of São José do Inhacorá/RS. The sampling and collection time were intentional, with patients who withdrew antidepressants being identified in the period from December 2013 to January 2014, and between January and July 2014, these patients were interviewed in their homes. The project was approved by the Research Ethics Committee of Unijuí under substantiated opinion No. 508 920/2013.9. From the 88 patients eligible for the sample, a higher consumption of antidepressants could be observed by women (75%), and the elderly. General practitioners performed most of the antidepressant prescriptions, which is justified by the fact that the municipality does not provide specialized service. The most common pharmacological drug class was SSRI (69.6%) and the most frequently prescribed antidepressant was sertraline (31.8 %). Only 18.2% of users reported adverse effects, according to their self-report. There were no significant differences in marital status (p = 0.193; p> 0.005; ANOVA/Tukey) and education (p = 0.543; p> 0.005; ANOVA/Tukey) but significant differences were observed for age (p = 0.0032; p> 0.005; ANOVA/Tukey) and gender of respondents (p = 0.0045; p> 0.005; Chi-squared), being more frequently used by women. It was observed that compared to antidepressant medications used by users, only fluoxetine, amitriptyline, nortriptyline and bupropion are included in RENAME (BRAZIL, 2013). Among the 12 antidepressant drugs used, eight do not belong to RENAME (BRAZIL, 2013), namely sertraline, citalopram, imipramine, paroxetine, trazodone, venlafaxine, mirtazapine and escitalopram. It can be observed that among the three most widely used antidepressants, only fluoxetine is in RENAME (BRAZIL, 2013), and the most commonly used one – sertraline - is not present in this list, showing the importance of reassessment of prescription criteria, as well as the creation of List of Municipal Drugs (REMUME) and preparation of clinical protocols that support the use of these drugs. These data show that the sample used different antidepressants, being composed mostly of elderly and poly-therapy users, as well as showing the need to monitor these patients. Regarding the report of adverse events, it could be noted that the development of a Pharmacovigilance culture is needed. It is noteworthy that this work served as a subsidy for the mental health training group at UBS São José do Inhacorá/RS, in order to enhance the dialogic exchanges, share experiences and enhance their individual and collective living adaptation, seeking more security in the use of medication and individuals, providing a better quality of life.

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