Resistência de Neisseria gonorrhoeae a antimicrobianos na prática clínica: como está o Brasil?
Antimicrobials resistance of Neisseria gonorrhoeae in clinical practice: where Brazil stands?

Femina; 46 (2), 2018
Publication year: 2018

Estima-se que um milhão de infecções sexualmente transmissíveis (IST) sejam adquiridas por dia no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Elas podem ser causadas por diversos micro-organismos pelo contato sexual. Embora tratáveis, as infecções, como a clamidiana, sífilis, tricomoníase e gonorreia, são responsáveis por 350 milhões de novos casos de IST anualmente no mundo. A gonorreia é a segunda IST bacteriana mais prevalente no planeta e tem chamado atenção nos últimos anos em decorrência da baixa eficácia em seu tratamento. O agente etiológico é a Neisseria gonorrhoeae. Na maioria das mulheres, a infecção por esse micro-organismo é assintomática, dificultando ainda mais seu diagnóstico e tratamento e, portanto, aumentando o risco de desenvolvimento de suas complicações associadas. Mesmo quando diagnosticada, essa infecção está sujeita a um alto índice de insucesso terapêutico que se deve, principalmente, à grande plasticidade genética da N. gonorrhoeae para aquisição de genes cromossômicos ou plasmidiais de resistência. O aumento da resistência desse micro-organismo a antimicrobianos comumente utilizados no tratamento, como penicilina, tetraciclina e ciprofloxacina, tem sido relatado em diversos países. No Brasil, poucos estudos estão disponíveis, mas em alguns estados já foram relatadas linhagens resistentes à ciprofloxacina. Dessa forma, deve-se ressaltar a importância de novos estudos que visem descrever o perfil da resistência da N. gonorrhoeae a antimicrobianos. Tais achados certamente nortearão a implementação de sistemas de vigilância epidemiológica no país visto que, até o momento, as infecções por N. gonorrhoeae sequer estão incluídas na lista nacional de doenças e agravos de notificação compulsória.(AU)
According to the World Health Organization, approximately one million sexually transmitted infections (STI) are acquired daily in the world. These infections can be caused by several microorganisms via contact. The treatable STI, such as chlamydia, syphilis, trichomoniasis and gonorrhea, account for 350 million new cases of STI each year worldwide. Gonorrhoea is caused by Neisseria gonorrhoeae and is the second most common bacterial STI in the world. It has drawn more attention in the last years due to the low efficacy in its treatment. Most women with this infection are asymptomatic, which makes its diagnosis and treatment troublesome increasing the risk for its associated complications. Even when diagnosed, this infection is subject to a high rate of therapeutic failure mainly due to the great genetic plasticity of N. gonorrhoeae for the acquisition of chromosomal or resistance plasmid enes. Increased resistance of this microorganism to antimicrobials commonly used in treatment such as penicillin, tetracycline and ciprofloxacin has been reported in several countries. In Brazil, few studies are available, but in some states strains resistant to ciprofloxacin were alreadyreported. The refore, it is important to highlight the importance of new studies aimed at describing the resistance profile of N. gonorrhoeae to antimicrobials in Brazil context. These findings will certainly guide the implementation of epidemiological surveillance systems in the country, since until now N. gonorrhoeae infections do not figure into the national list of compulsorily notifiable diseases.(AU)

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