Infecções no ciclo grávido-puerperal: a volta do H1N1
Infections in the pregnancy-puerperal cycle: the return of H1N1
Femina; 45 (3), 2017
Publication year: 2017
Em 2009, vivenciamos a pandemia de influenza A H1N1. Revisões sistemáticas publicadas confirmaram maior morbimortalidade entre as gestantes, com mais hospitalização e uso de terapia intensiva, nascimento de prematuros e necessidade de cesárea de urgência. Os casos mais graves aconteceram em mulheres que demoraram a receber a terapia com inibidores de neuroaminidase (oseltamivir) e com outros fatores de risco. A demora na atenção duplica o
risco de morte e, no Brasil, em 22 maternidades de referência, a mortalidade esteve acima de 50%. Estes achados reforçaram a necessidade de tratamento precoce das gestantes com síndrome respiratória aguda e acesso a suporte qualificado para casos graves. Uma medida preventiva essencial é a vacinação das gestantes durante o outono-inverno quando há recrudescência da epidemia, capaz também de reduzir morbimortalidade materna e nos primeiros seis meses de vida do recém-nascido. A cobertura vacinal em gestantes tem atingido quase 100% nos últimos anos. Até a primeira semana de junho de 2016, 77,1% dos casos de influenza identificados em casos de síndrome gripal foram causados pelo vírus A (H1N1) pdm09, 12,3% por vírus B e 2,3% por vírus A cepa H3N2. A vacina trivalente disponível em 2016 nos serviços públicos de saúde cobre essas cepas, seguindo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A vacina quadrivalente, disponível apenas no sistema privado, adiciona uma cepa de vírus B. O início de oseltamivir deve ser imediato em gestantes com síndrome respiratória aguda, idealmente até 48 horas (ou até 3-4 dias) após início dos sintomas – 75 mg, 12/12h, por 5 dias. Preconiza-se tratamento profilático para gestantes não
vacinadas ou vacinadas há menos de duas semanas, após exposição a caso suspeito ou confirmado de influenza,
por 10 dias, com 75 mg de oseltamivir. Em tempos de influenza, precisamos aderir a etiqueta respiratória e adotar
precauções de contato. O uso de máscara está indicado aos indivíduos sintomáticos para evitar a disseminação do vírus, assim como no quarto privativo.(AU)