O papel do Doppler da artéria umbilical na decisão da interrupção da gestação em fetos com RCF: uma revisão de ensaios clínicos randomizados
Role of umbilical artery Doppler in the decision to deliver a pregnancy with a fetal growth restriction: a review of randomized trials
Femina; 45 (3), 2017
Publication year: 2017
Introdução:
O uso da ultrassonografia tem sido importante no âmbito da obstetrícia e a introdução da Dopplervelocimetria angariou vantagens no auxílio da avaliação da vitalidade fetal. O uso do Doppler da artéria umbilical tem apresentado melhores resultados perinatais, especialmente em fetos com RCF (restrição de crescimento fetal). A vigilância fetal em casos de RCF é indispensável na determinação do momento ideal para a interrupção da gestação, a fim de se minimizar o risco tanto de uma interrupção excessivamente prematura quanto o de um óbito fetal potencialmente evitável.Objetivo:
Realizar uma revisão da literatura, a fim de avaliar o melhor momento da interrupção da gestação em fetos com RCF com Doppler da artéria umbilical alterado.Metodologia:
Foi utilizada como fonte de pesquisa a base de dados eletrônica PubMed/Medline. Foram incluídos estudos randomizados que avaliaram especificamente o Doppler da artéria umbilical como método diagnóstico na decisão quanto ao momento da interrupção da gestação em situações de RCF. Foram localizados 89 resultados com a estratégia de busca, dentre os quais 22 foram considerados potencialmente elegíveis e revisados integralmente, e apenas 2 foram definitivamente elegíveis, ambos referentes a um único estudo.Resultados:
Os dois artigos selecionados são estudos clínicos multicêntricos randomizados controlados, sendo que um revela os resultados a curto prazo, com 548 gestantes entre 24 e 36 semanas de gestação, e o outro, os resultados após 2 anos de acompanhamento, com 588 crianças que desenvolveram RCF durante a gestação. Os desfechos avaliados em ambos os estudos (óbito fetal ou neonatal e comprometimento neurológico no longo prazo) não foram significativamente diferentes entre grupos em que, após o diagnóstico de diástole umbilical comprometida, se realizou a interrupção precoce após corticoterapia versus vigilância com interrupção mais tardia, mediante piora no padrão do Doppler umbilical.Conclusão:
Não é possível utilizar apenas o Doppler da artéria umbilical para indicar a interrupção da gestação em fetos com RCF, devendo-se associar outros métodos para a avaliação da vitalidade fetal. Mais ensaios clínicos randomizados são necessários para elucidar esta questão.(AU)Introduction:
The use of ultrassonography has been an important development in the field of obstetrics, and the introduction of Doppler assessment has gathered many advantages in the evaluation of fetal well-being. Umbilical artery Doppler has demonstrated the best perinatal results, especially in fetal growth restriction (FGR). Fetal surveillance, in these scenarios, is invaluable in determining the ideal moment for delivery, avoiding both an excessively and unnecessarily premature interruption, and a preventable intrauterine fetal demise due to an inappropriately delayed delivery.Objective:
To perform a review of the literature, with the objective to evaluate the best moment of interruption of gestation in fetuses with FGR and an abnormal umbilical artery Doppler.Methodology:
Electronic database PubMed/ MEDLINE was used to search and locate the studies. Randomized trials which specifically studied umbilical artery Doppler as a decision-making diagnostic study among fetuses with growth restriction were considered for inclusion in this review. There were 89 results retrieved with the search strategy, among which 22 were selected as potentially eligible, and only 2 were definitely included (both from a single study).Results:
Both included papers are multicentric randomized controlled trials, the first reporting short term outcomes of 548 pregnancies between 24 and 36 weeks, and the second one reporting long-term outcomes of 588 children who had FGR, after two years of follow-up. Both short term outcomes (fetal or neonatal death) and long-term outcomes (death or disability) were not significantly different when, after diagnosing compromised umbilical end diastolic flow, immediate delivery was compared with expectant management and delayed delivery after worsening of the umbilical Doppler pattern.Conclusion:
It is not possible to use only umbilical artery Doppler to decide whether to deliver a FGR or not, and that other fetal assessment methods should be associated. More randomized trials are needed to definitely answer this question.(AU)
Retardo del Crecimiento Fetal/diagnóstico por imagen, Ultrasonografía Doppler, Arterias Umbilicales/diagnóstico por imagen, Complicaciones del Embarazo/diagnóstico por imagen, Atención Prenatal/métodos, Aborto Legal, Sufrimiento Fetal, Ensayos Clínicos Controlados Aleatorios como Asunto, Bases de Datos Bibliográficas