Violências contra trabalhadores adoecidos e instrumentos de gestão: uma relação a explorar
Violences against sick workers and management tools: a relationship to explore

Cad. psicol. soc. trab; 22 (1), 2019
Publication year: 2019

Trata-se de estudo realizado por demanda de um sindicato de trabalhadores metalúrgicos à Fundacentro, objetivando analisar as situações de violências vividas por trabalhadores adoecidos pelo trabalho em uma montadora de automóveis. Foram realizadas entrevistas com sindicalistas, visita à montadora, entrevistas individuais e coletivas com trabalhadores, validação dos dados. À luz da discussão sobre violências relacionadas ao trabalho e intensificação do trabalho, analisou-se sua relação com instrumentos de gestão. Com base na compreensão de gestão de Gaulejac e na perspectiva das evoluções conceituais sobre violência no trabalho, expressada por Soboll, entre outros, confirmaram-se práticas de exclusão e isolamento de trabalhadores adoecidos, humilhações e descaracterização das doenças relacionadas ao trabalho, deslegitimando e colocando os adoecidos sob suspeita. Instrumentos de gestão e elementos da cultura organizacional eram utilizados nestas práticas violentas caracterizando um modo de agir sistêmico que contribui para a cronificação de doenças e a geração de incapacidade, além de prejudicarem ações preventivas, tanto da própria empresa, como do Estado, pela ocultação de riscos e danos. Demandas dessa natureza são frequentes, evidenciando que a violência contra adoecidos pelo trabalho e o ocultamento de doenças do trabalho constituem sério problema social com impacto dramático nas vidas de trabalhadores e no sistema de saúde pública
This study was carried out by Fundacentro at the request of a metalworkers' union, aiming to characterize and analyze the situations of violence experienced by workers who had work-related injuries or illnesses, in an automobile assembly plant. Interviews with trade unionists, a visit to the automaker, individual and collective interviews with workers and validation of the data were carried out. It was based on the Gaulejac's management concept and the Soboll's violence at work concept. The exclusion and isolation of sick workers, humiliation, denial and de-characterization of work-related illnesses were confirmed, delegitimizing and placing the workers under suspicion. Management tools and elements of organizational culture were used in these violent practices, characterizing a systemic way of acting, which contributes to these diseases becoming chronic and generating incapacity, as well as impairing preventive actions, of both the company itself and the State, by concealment of risks and damages. Demands of this nature are frequent, evidencing that the violence against people with work-related illnesses and the concealment of such illnesses constitute an important social problem, with a dramatic impacts on the lives of workers and the public health system.

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