Juventude(s) periférica(s) e subjetivações: narrativas de (re)existência juvenil em territórios culturais
Favela urban youth and subjectivities: narratives of (re)existence in cultural territories
Fractal rev. psicol; 31 (spe), 2019
Publication year: 2019
Este artigo apresenta certas linhas singulares de subjetivação experimentadas pela juventude enquanto produção estético-cultural que configura a periferia como território existencial. Pretendemos contribuir para a discussão da relação entre hierarquização socioespacial das cidades e os processos de subjetivação de forma crítica aos processos de vitimização, criminalização e estigmatização juvenil. Buscamos nos orientar por um estudo com os sujeitos e não sobre os sujeitos. Três jovens envolvidos em ações culturais autônomas no território (como sarau, cinema, hip hop) foram acompanhados nestas e em outras atividades de seu cotidiano numa perspectiva etnográfica, descrita no diário de campo, bem como por meio da realização de entrevistas em história oral. Estas foram transcritas, textualizadas, transcriadas e organizadas em categorias temáticas. Privilegiamos as categorias relativas ao "território" e às "invenções estéticas na periferia" que nos permitiram evidenciar que o engajamento da juventude na produção estética na periferia opera como tática, estratégia de luta diante dos estados de dominação hegemônicos e de estigmatização aí presentes. A arte agencia possibilidades de invenção de territórios existenciais e de novos modos de subjetivar-se quando o estigma se converte em emblema; no orgulho de ser jovem, negro, pobre e periférico.(AU)
This article presents certain singular lines of subjectivation experienced by youth as aesthetic-cultural production that configures the slum as existential territory. We intend to contribute to the discussion of the relationship between socio-spatial hierarchization of cities and the processes of subjectivation in a critical way to the processes of victimization, criminalization and juvenile stigmatization. We seek to guide a study with the subjects and not on the subjects. Three young people involved in autonomous cultural actions in the territory (such as sarau, cinema, hip hop) were accompanied in these and other activities of their daily life in an ethnographic perspective, described in the field diary, as well as through interviews in oral history. These were transcribed, textualized, transcribed and organized into thematic categories. We privilege the categories related to "territory" and "aesthetic inventions in the slum" that allowed us to show that the engagement of youth in the aesthetic production in the periphery operates as a tactic, a strategy of struggle against the hegemonic states of domination and stigmatization present there. The art agency possibilities of invention of existential territories and of new ways to subjectivate itself when the stigma becomes emblem; in pride of being young, black, poor and peripheral.(AU)