Famílias refugiadas africanas: qualidade de vida, expectativas e necessidades em relação à saúde
African refugee families: quality of life, needs and expectations regarding health
Saúde Soc; 28 (4), 2019
Publication year: 2019
Resumo O Brasil abriga indivíduos de diversos países em situação de refúgio, tal como é definida pela Lei nº 9.474/1997 ou por autodeclaração. O uso do Sistema Único de Saúde faz parte dos direitos dos refugiados. Apesar desse direito, observa-se a ocorrência de preconceitos, desinformação e dificuldades de acesso a serviços. O objetivo desta pesquisa foi mensurar a qualidade de vida e compreender as necessidades e expectativas de famílias de refugiados africanos em relação à saúde.
O estudo foi realizado em dois momentos:
quantitativo e qualitativo. Os participantes responderam a escala de qualidade de vida WHOQOL-bref. Foi extraída uma família da amostra para a realização do genograma estrutural e de entrevista semiestruturada com questão norteadora. A análise quantitativa foi feita por estatística descritiva e os discursos obtidos, pela análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin. Como resultados, no parâmetro de 0 a 100, a média apresentada foi de 49,57, classificando a qualidade de vida como "nem boa, nem ruim". Esse resultado é condizente com os discursos dos entrevistados e está relacionado à falta de emprego e dinheiro. Em relação à saúde, as avaliações não diferem das dos brasileiros: o serviço apresenta demora no atendimento, faltam médicos e os postos são distantes. Destaca-se também o preconceito vivido por alguns participantes ao serem atendidos pelos serviços de saúde, pelo fato de serem africanos.
Abstract Brazil is home to individuals from different countries in refuge situation, as defined by Law no. 9,474/1997 or by self-declaration. The Brazilian National Health System is available to refugees, but, despite this right, prejudice, misinformation, and difficulties in accessing these services are observed. The objective of this research is to measure their quality of life and to understand the needs and expectations of African refugee families in relation to health.