A política de narratividade na pesquisa-intervenção participativa
Narrative policy in participatory research-intervention

Saúde Soc; 28 (4), 2019
Publication year: 2019

Resumo Este artigo visa discutir a política de narratividade em pesquisas-intervenção participativas relacionadas à gestão autônoma da medicação (GAM). Escutar e legitimar a experiência dos usuários de saúde mental é um ponto-chave para a GAM, assim como para as pesquisas-intervenção participativas. A valorização da experiência dos participantes da pesquisa se desdobra no problema das narrativas como meio de acesso e inclusão da experiência. O artigo se baseia em dois projetos de pesquisa já concluídos, realizados em Centros de Atenção Psicossocial de municípios do interior do Rio de Janeiro. Falamos de política de narratividade na medida em que a produção de narrativas evidencia a legitimação necessária de pontos de vista comumente excluídos. Tal política diz respeito, por um lado, ao funcionamento dos grupos de intervenção com usuários, trabalhadores e pesquisadores como espaços de compartilhamento de experiências e discussão sobre o tema da medicação. Por outro, diz respeito à tradução deste diálogo em textos escritos, relativos ao registro da pesquisa (memórias) e à restituição do conhecimento produzido em grupos narrativos, nos quais os participantes são chamados a produzir o conhecimento em coautoria. Destacaremos que há uma política de narratividade da GAM que se caracteriza por mobilizar e sustentar um diálogo com base na alteridade da experiência.
Abstract This paper aims to discuss the narrative policy in participatory research-intervention related to Gaining Autonomy & Medication Management (GAM). Listening and legitimizing the experience of users of mental health services is a key point for GAM, as well as for participatory research-intervention. The appreciation of the research participants' experience unfolds in the problem of narratives as a medium of access and inclusion of the experience. This article is based on two research projects already completed, carried out in Psychosocial Care Centers of inland cities of the state of Rio de Janeiro. We talk about narrativity policy as the production of narratives evidences the necessary legitimation of commonly excluded points of view. Such policy concerns, on the one hand, the operation of intervention groups with users, workers and researchers as spaces for sharing experiences and discussing about medication. On the other hand, it concerns the translation of this dialogue in the form of written texts, related to the research register (memories) and to the restitution of the knowledge produced in narrative groups, in which the participants are called to produce knowledge in co-authorship. We highlight that there is a narrative policy of GAM characterized by mobilizing and sustaining a dialogue based on the alterity of the experience.

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