Clin. biomed. res; 39 (4), 2019
Publication year: 2019
Introdução:
Para o estudo das emoções têm-se utilizado técnicas de autorrelato,
nomeadamente, as escalas de valência e de arousal do Self-Assessment Manikin
(SAM), que proporcionam uma apreciação cognitiva subjetiva das diferentes
dimensões emocionais. No entanto, é legÃtimo equacionar que esta capacidade
de avaliação cognitiva possa estar alterada em pacientes com lesão encefálica
adquirida (LEA). Consequentemente, pode haver incongruência na avaliação das suas
respostas emocionais. Assim, a avaliação deve incluir outras técnicas complementares,
como são as medidas fisiológicas periféricas empiricamente validadas para o estudo
das emoções.
Métodos:
Avaliamos 36 pacientes com LEA em referência a 33 participantes
saudáveis. Ambos os grupos observaram imagens agradáveis, desagradáveis e
neutras selecionadas do International Affective Picture System (IAPS), que tinham
de classificar através das escalas de valência e de arousal do SAM, enquanto eram
registadas as suas respostas fisiológicas periféricas: condutância elétrica da pele
(CEP) e ritmo cardÃaco (RC).
Resultados:
Nas técnicas de autorrelato, os pacientes com LEA fazem uma avaliação
da valência diferente, independentemente dos estÃmulos, em relação aos controles.
Já quando consideramos a escala de arousal os pacientes sentem-se mais ativados
do que os controles, exceto nos estÃmulos desagradáveis. Contudo, os resultados
obtidos na medição objetiva dos seus correlatos fisiológicos não são congruentes
com a avaliação cognitiva que realizam, uma vez que mostraram menor reatividade
aos estÃmulos independentemente da sua condição emocional.
Conclusão:
Estes resultados mostram que indivÃduos com LEA têm dificuldade em
fazer uma avaliação coerente do seu estado de ativação fisiológico. Por essa razão,
é altamente recomendado o uso simultâneo de medidas psicofisiológicas.(AU)
Introduction:
Self-report measures have been used in the study of emotions, namely
the valence and arousal scales of the Self-Assessment Manikin (SAM), which provide
a subjective cognitive appraisal of different emotional dimensions. However, cognitive
assessment ability in patients with acquired brain injury (ABI) may be compromised.
Consequently, their emotional responses measured by self-report may be inconsistent.
In these cases, the assessment should include complementary techniques, such as
peripheral physiological measures empirically validated for the study of emotions.
Method:
We evaluated 36 patients with ABI and 33 healthy controls. Both groups
watched pleasant, unpleasant and neutral images from the International Affective
Picture System (IAPS) and rated them using SAM valence and arousal scales, while
their peripheral physiological responses, consisting of skin conductance response
(SCR) and heart rate (HR), were recorded.
Results:
In self-report measures, patients with ABI evaluated valence differently,
regardless of stimuli, compared to controls. Regarding the arousal scale, patients with ABI
reported feeling more aroused when compared to controls, except in unpleasant stimuli.
However, the results obtained in the physiological assessment are not consistent
with those of the cognitive assessment, as they showed lower reactivity to stimuli
regardless of their emotional condition.
Conclusion:
These results show that patients with ABI have more difficulty in making a
coherent assessment of their physiological arousal. For this reason, the simultaneous
use of psychophysiological measures is highly recommended. (AU)