BEPA, Bol. epidemiol. paul. (Impr.); 17 (195), 2020
Publication year: 2020
Introdução:
Vários autores têm apontado limitações nas medidas adotadas para
o controle de Aedes aegypti e da dengue. Além disso, há falta de evidência sobre
a relação entre níveis de infestação por Ae. aegypti e ocorrência de dengue. Este
trabalho objetivou avaliar a relação entre ocorrência de dengue e medidas de
controle e infestação por Ae. aegypti em uma cidade do sudoeste brasileiro no
período de 2001 a 2006. Métodos:
A razão de incidência de dengue (variável
dependente) e a cobertura das atividades de controle e índices de infestação
(covariáveis) foram calculadas usando unidades espaciais e os anos. Foi ajustado
um modelo de Poisson espaço-temporal Inflado de Zeros, considerando os
seguintes períodos: Setembro de 2001 a Agosto de 2006 e Setembro de 2003
a Agosto de 2006. Resultados:
Atividades de rotina para o controle do vetor
(com visita regular a todos os imóveis) foram consideradas fator protetor para
ocorrência de dengue. Porém, para controlar efetivamente a ocorrência de casos,
estas atividades necessitariam ser realizadas com cobertura quinzenal. O Índice
de Breteau mostrou uma fraca correlação direta com ocorrência de dengue.
Conclusões:
Atividades de rotina estão entre as mais importantes medidas de
controle aplicadas para evitar a dengue no Brasil. Apesar disto, estas medidas vêm
sendo desenvolvidas sem interrupção e com elevado custo aplicado para o controle
da dengue, e se mostram ineficientes por causa da alta cobertura necessária para
o seu efetivo controle da dengue. Assim, a reavaliação do programa de controle
da dengue no Brasil requer urgência para se tornar mais eficiente. O resultado
do Índice de Breteau foi atribuído à falta de ajuste do modelo em relação aos
diferentes níveis de imunidade para os sorotipos circulantes na área de estudo,
tanto no espaço como no tempo.